Rake- UP

21-10-2022

Um grupo de jovens ganha uma viagem a uma montanha nevada, após ganharem um sorteio financiado pela própria escola. No entanto, o que seriam uns tempos relaxantes em companhia, tornou-se num pesadelo vivo.

Género: Terror

As noites na colina pareciam mesmo frias, vistas de dentro do autocarro. Rob olhava para o exterior, enquanto repensava na situação toda até a este preciso momento. Quer dizer, quem é que não desconfiaria. Qual é a probabilidade dele, Rob, o homem mais azarado do mundo, conseguir bilhetes para uma viagem com destino às montanhas? Mais suspeito ainda foi o facto de outros 4 colegas da sua turma terem ganho também bilhetes. Afinal, era suposto ser um concurso onde todos os alunos da Universidade teriam chances de ganhar.  Realmente, é difícil não pensar sobre o assunto. 

Olhando para o que o rodeia, Rob vê todos os seus colegas a divertirem-se à grande.
Tony e Stacy dançam juntos no meio dos assentos do autocarro. É de se esperar, tendo em conta que são namorados. Se bem que, nem sempre Rob se deu bem com Tony. Ele é o tipo de pessoa que age sobre a lei do menor esforço e que, mesmo assim, obtém bons resultados. Já Rob é o contrário. Dá tudo de si e, no entanto, os seus resultados não superam os do preguiçoso que é Tony. E Stacy...bem, é difícil odiá-la. Não é que seja particularmente carismática, mas também não se pode chamar de má pessoa. 
A música tocava alto no autocarro. Tudo culpa de Nicole que segurava na coluna de som portátil de Demi. Ambas tinham combinado levar a coluna para entrarem naquele ambiente de festa.
Demi: "Vamos, Stacy, não fiques nervosa! Dança!"
Gritava Demi que estava em pé no assento, ao lado de Nicole.
Nicole: "Sim, dá tudo, miúda!"
Apoia Nicole com a coluna na mão, encontrando-se em pé do lado da janela, no assento ao lado de Demi.
O casal dançava, sendo aclamado pelas duas raparigas. Dançavam como se o mundo estivesse a girar à volta deles e, de certa forma, estava.
Rob começa a olhar para os outros. No meio de todos, só ele é que fica sozinho num assento, isolado do resto. Ao menos, antes de ver Daryl. Este rapaz estava no assento do outro lado do seu, junto à janela. Ele até chega a ser mais esquisito e isolado que o próprio Rob. Realmente, uma figura peculiar. Até na escola sempre andava sozinho. Ao menos, na escola, Rob fazia-se acompanhar pelos seus amigos. Eram poucos, mas eram fiéis a ele.
De qualquer forma, a festa continuava dentro do autocarro. Era barulhenta devido à música e à gritaria de Demi e Nicole. Até dava pena do condutor do autocarro. Coitado do homem, só quer conduzir em silêncio. Rob comenta para si:
Rob: "Ai, esta viagem vai ser longa."

Eventualmente, o grupo chega ao local. Ao topo de uma colina onde a neve cobre de branco a vegetação outrora verde. Todos os adolescentes ali presentes saem do autocarro e vão buscar as bagagens ao porta-malas localizado na "barriga" do autocarro.
Cada um tirava de lá as suas bagagens. A maioria levava mochilas cheias de roupa e comida. No entanto, também havia Daryl que simplesmente levava uma mochila pequeníssima com tão pouca coisa que, só de olhar, muitos a considerariam vazia. Foi por isso que ele foi o primeiro a afastar-se do autocarro, uma vez que apenas pegou na sua mochilinha, colocou-a às costas e seguiu caminho, sem esperar por ninguém.
Tony: "Que gajo esquisito."
Comentava para Stacy, enquanto tirava a sua mala de viagem. 
Stacy: "Pode ser, mas não o podemos deixar sozinho."
Tony: "Fica já a saber que eu não vou."
Nicole: "Eu também não."
Diz Nicole que estava a ouvir a conversa atentamente, enquanto se certificava que trazia tudo dentro da mala.
Tony procura Rob, mas vê que o mesmo está na conversa com o condutor do autocarro. Em termos de esquisito, Rob também não está muito longe de Daryll, aos olhos de Tony. É então que ele conclui:
Tony: "Bem, só há uma pessoa livre. Sabes o que isso significa, não é, Demi?"
Diz ele, tentando provoca-la. Não faz por mal. Tem outros motivos para a provocar, num tom de brincadeira. 
Demi: "Ah! Está bem, eu fico com o esquisito."
Diz ela a pousar a mala no chão.
Nicole: "Vê lá, amiga. Dás por ti e já te encontras nos ombros dele."
Sugere Nicole, cutucando-a com o bico do seu cotovelo, tentando picá-la.
Contudo, Demi ignora a provocação da companheira e segue o rapaz, sem antes dizer:
Demi: "Tem é tu cuidado. Senão, o Rake vai pegar-te." 
Demi já vai ao longe, mas Nicole não deixa ficar barato e grita para a amiga, que já vai ao longe, puxando a sua maleta:
Nicole: "Está bem, depois vemos quem é que cai para quem!"
Tony intervém: 
Tony: "Aquela garota, sinceramente. Rake? Que raio de lenda é essa? Quem é que acredita nisso?"
Comenta Tony. Há pouco estava a provocá-la na brincadeira. Agora, está a criticá-la sem mais nem menos. Qualquer um o consideraria bipolar. Contudo, trata-se de algo diferente.
Stacy: "Deixa Tony, existem pessoas neste mundo que acreditam em tudo.”

Rob já tinha tirado a sua mala. Foi meter conversa com condutor do autocarro. Tinha algumas perguntas que queria que ele, sendo condutor contratado pela universidade para transportá-los, respondesse.
Condutor: "Não, não acho que exista nada de suspeito."
Respondia o condutor, sinceramente, após ter ouvido a explicação de Rob.
Rob: "Mas não acha nem um pouco duvidoso os vencedores do concurso serem todos da mesma turma?"
Condutor: "Hoje em dia, tudo é possível. Especialmente se o que dizem sobre as colinas é verdade."
Rob: "Como assim?" 
Condutor: "O quê? Não ouviu sobre os rumores do local?"
Rob: "Desculpe, mas não sei do que está a falar."
O condutor, velhote, expira pesadamente e aponta para o longe. Ele aponta para o local onde, presumidamente, se encontra a cabana onde vão ficar. 
Condutor: "Ali ao fundo ficam as cabanas. Estão com sorte, pois parece que vão ser os únicos até ao fim da semana, então ficaram à vontade." 
Rob: "Sim, mas o que é que isso tem de mal?"
Condutor: "Bem, é que, segundo o que dizem, aquele local é o preferido do Rake para um banquete." 
O homem baixa o braço.
Rob: "R-Rake..."
Comenta Rob, confuso com o que ele lhe acabara de contar.
Condutor: "É apenas uma lenda, mas dizem que, nestas montanhas, vagueia uma criatura esguia e magra de pele branca, tal como a neve que envolve o solo. Uma criatura que se alimenta de outros humanos."
Rob: "E-Ele não pode ser humano."
Condutor: "Pois não."
O condutor pausa por um momento, antes de continuar.
Condutor: "Segundo o que dizem, ele usa os seus reflexos e habilidade sobre-humanas para facilmente apanhar as suas presas. Como se isso não bastasse, ele ainda tem mais uma habilidade, uma habilidade peculiar."
Rob: "Que habilidade é essa?"
Pergunta Rob, bastante intrigado.
O condutor volta a pausar, como se estivesse a ponderar se seria mesmo correto estar a falar tanto para o rapaz, mas, eventualmente, ele acaba por ceder e confessa:
Condutor: "Pelos vistos, este Rake, para além das suas capacidades físicas absurdas, tem ainda a capacidade de confundir os inimigos. Sim, tu ouviste bem, ele é capaz de criar ilusões. Aqui, nunca podes acreditar na realidade com que te deparas. Há uns meses, um casal veio até aqui. Um rapaz e a sua namorada. Ao fim de uns dias, ele voltou, mas a sua namorada não estava com ele."
Rob: "Q-Que aconteceu?"
Condutor: "Não se sabe até hoje, mas sugere-se que tenha sido culpa do Rake."
Rob: "Mas porquê logo o Rake? Sabe-se lá se não foi raptada ou algo do género?"
Condutor: "Estaria a mentir se dissesse que o pobre miúdo saiu de lá bem. Estava cheio de cortes, da cabeça aos pés e até tinha o olho roxo. Para piorar, ainda veio maluquinho. Ele achava que a namorada não tinha desaparecido. Julgava que ela ainda estava ao seu lado, embora esse claramente não fosse o caso."
Que estranho. Rob ainda achava uma parvoíce o facto de alguns culparem o Rake pelo caso, mas seguiu com a história.
Rob: "O que é que fizeram com ele?"
Condutor: "Como deves prever, a polícia não acredita nisso do Rake, por isso, levaram-no para um hospital psiquiátrico, onde ele está até hoje."
Rob está incrédulo. É muito para processar em tão pouco tempo.
O condutor pausa um pouco, outra vez. Ele contempla a paisagem, silenciosamente. A sua cabeça parece estar em outro lugar. Subitamente, ele volta:
Condutor: "Quando até os teus olhos te enganam, não podes confiar mesmo em ninguém."
Rob: "Não concordo."
A resposta de Rob pega o condutor desprevenido.
Condutor: "Explica lá isso, jovem."
Rob: "Então? Não compreende? Se nós nos separarmos, isso significa que ficará mais difícil sobreviver. Cada um de nós possui as suas respetivas características e especialidades. Juntos, podemos formar a equipa perfeita. Eu acredito que, desta forma, até criaturas como ele devem fraquejar perante a visão de humanos a lutarem pela mesma causa: a sobrevivência."
O velhote fica em choque. Sempre contava esta históriazinha aos visitantes, quase na brincadeira. No entanto, nenhuma das pessoas a quem alguma vez contou a lenda chegou a levar um conto feito para assustar crianças tão a sério como Rob. Ainda por cima, nunca encontrou ninguém tão único como o rapaz.
Condutor: "Tu és um rapaz mesmo curioso."
Rob: "Hã?"
Condutor: "Bem, acho que está na hora de partir."
Igorando alguma pergunta que o jovem possa ter, o velho entra no autocarro e vai sentar-se no assento do condutor. Antes de fechar a porta e partir, ele diz uma última coisa ao rapaz:
Condutor: "Boa sorte com a estadia."
Então, a porta fecha e o autocarro parte a todo o gás, indo pela estrada abaixo. Rob até fica incrédulo a olhar para o autocarro ao longe que, lentamente, vai desaparecendo do seu campo de visão. Este foi um encontro deveras esquisito.
Rob: "Como se isto tudo já não pudesse ficar mais suspeito."

Daryll segue sozinho pelo caminho. Tem estado a subir a inclinação que se encontra adiante, seguindo sempre pelo caminho, pavimentado com pedras do local. Parece que não pagaram o suficiente aos construtores. De resto, era só árvores, tanto à esquerda quanto à direita.
Após um minuto de caminho, ele chega ao topo da inclinação. À sua frente está um teleférico. vemelho, preso, por um gancho, a um cabo metálico que se estende desde o posto que se encontra preso a metros de si no solo nevasco, até a outro posto que, muito provavelmente, se encontra lá além.
Sem gastar mais um segundo que fosse, Daryll entra no teleférico e, imediatamente, senta-se no banco que se encontra no seu lado esquerdo.
Não quer mesmo estar ali. Só foi porque ganhou o raio do concurso que a professora o obrigou a participar. Também Deus não parecia estar do seu lado. Se realmente Deus lhe quisesse o melhor, não teria feito com que ganhasse. 
Contudo, por muito que não queira aqui estar, ele sabe que nada pode fazer para mudar o passado. Por enquanto, terá de aguentar. Só tem 2 dias. Tem de aguentar hoje e amanhã. Não deve ser assim tão complicado.
De resto, está tudo muito bem. Só há um problema.
Darryl: "Como é que ponho isto a funcionar"
Pergunta-se para si mesmo, enquanto olha em redor de si.
Demi: "Olha que isso não vai andar tão facilmente."
Darryl olha para a sua direita, para a entrada do teleférico e vê a sua colega de classe, com a pega da mala de viagem na mão.
Demi: "Normalmente, eles só andam porque há alguém a mexer num mecanismo."
Darryl não poderia se importar menos com a sua opinião. Ainda assim, não pode deixá-la sem resposta. Por isso, limita-se a soltar: 
Daryll: "Ai é?"
Não é muito convincente. 
Demi: "Pelo menos, era assim nas outras vezes em que andei de teleférico na cidade."
O silêncio instala-se. Darryl não está mesmo acostumado a socializar com outros. Se pudesse escolher, preferia nem ter partido em viagem se fosse para ficar com estes idiotas. Nem Demi está habituada a este tipo de situações. Por isso, ambos ficam em silêncio. Demi entra e vai sentar-se, deixando a sua mala estacionada ao pé de si.
Os dois ficam num clima constrangedor, em completo silêncio. Ficam a observar o espaço que os rodeia. De tanto tempo a analisarem os arredores que Demi nota algo.
Demi: "Hã?"
Darryl: "O que é?"
Pergunta Darryl, voltando o seu olhar e atenções para a miúda. Está curioso com a súbita confusão da estúpida rapariga.
Demi: "Isto é uma alavanca."
Por alguma razão, Na extremidade direita do assento de Demi está uma alavanca puxada para cima. Os dois pensam imediatamente na mesma coisa.
Demi: "Então é assim."
Ele não gosta muito de companhia, mas não pode negar que Demi acabou de fazer uma importante descoberta. Darryl vai verificar o seu assento e, na extremidade esquerda do seu assento tem dois botões.
Darryl:"No meu assento, tenho dois botões. Um verde e outro vermelho."
Informa ele, cheio de vergonha por estar a quebrar os seus princípios e a falar com alguém da laia de Demi. Também, não é como se tivessem muita escolha. Se quisessem sair dali, teriam de cooperar. Disso, já Darryl se apercebeu.
Demi: "Eles devem ser o que ligam o teleférico e..."
Darryl: "A alavanca é o que o move."
O rapaz completa a frase, numa voz sem vida. Os dois começam a familiarizarem-se com a presença um do outro. Até Darryl, embora tenha dificuldades para o admitir. Talvez não vá ser uma estadia assim tão má.
Demi coloca a mão na alavanca. Preparando-se para partir.
Darryl: "Vamos?"
Pergunta ele, impaciente e um tanto ou quanto rudemente. Demi sentiu que Darryl também não seria o maior fã de companhia e, como tal, dela. No entanto, não era boa ideia arrumar já confusão. Os dois ainda ficariam juntos por um bom tempo. Tendo isso em conta na sua mente, Demi, aparentemente oblívia às arrogantes respostas de Darryl, responde: 
Demi: "Sim, eles devem estar a caminho."
Darryl: "Muito bem."
Darryl pressiona o botão verde, ligando o teleférico. Esta tudo pronto para a partida.
Darryl: "É melhor não desperdiçar mais tempo."
Sugere ele, na pura da arrogância. 
Demi: "Entendido."
Então, sem hesitar, Demi puxa a alavanca para baixo e o teleférico, aos solavancos começa a andar para a frente.
Demi: "Cabana aqui vamos nós."

Tony, Stacy e Nicole caminham pela inclinação de um declive acentuado pela qual Darryl e Demi e passaram, separadamente. Para os últimos dois, não foi um exercício físico muito penoso, mas para os atuais três é outra conversa. 
Lá vão eles, a puxarem as suas respetivas malas por aqueles solavancos rochosos. 
Tony: "Caraças. Que caminho é este?"
Diz, pretendendo comentar sobre algo em que todos concordam. Na verdade, até estava a gostar do caminho. Achava-o belo. Só o estava a dizer para agradar as raparigas, claramente.
Nicole: "A quem o dizes. Já me doem as pernas e ainda não chegámos."
Stacy: "Vá lá. Não está assim tão mau. É verdade que é um trilho demorado, mas é só persistirmos."
Tony olha para a namorada, Stacy, com cara de quem está bastante pessimista.
Tony: "Ainda não acredito que tenho uma namorada tão optimista."
Nicole, sarcasticamente, intervém: 
Nicole: "Sim, ela é demasiado boa para ti."
Tony: "Ei!"
Grita Tony, em surpresa, pelo comentário. Mas, ao mesmo tempo feliz por alguém como Nicole lhe estar a meter conversa. 
Stacy: "Calma, malta. Não comecem a lutar. Estamos aqui para passar um bom tempo, ok?"
Lentamente, Tony e Nicole viram a cabeça para Stacy, ao mesmo tempo, encarando-a com um olhar penetrante. Stacy acredita mesmo que os dois estão irritados. Não podia estar mais enganada. Ainda assim, os dois continuam a agir como se assim fosse.
Como de se esperar, Stacy fica intimidada.
Stacy: "M-Malta? O que foi?"
Pergunta ela, com o medo à flor da pele.
Ao que eles respondem:
Tony e Nicole: "Boazinha demais."
Eles respondem em uníssono. Stacy até nem sabe o que dizer. Pelo menos, já não tem o medo de antes.
Tony, lá no fundo está feliz. Está a passar tempo de qualidade com as raparigas. Nada poderia estragar aquele clima. 
Voz familiar: "Ei! Esperem por mim!"
Todos os três param ao ouvir alguém a chamar. Não é alguém desconhecido. Não, a voz parecer de alguém familiar. Alguém de quem, no momento, não conseguem reconhecer. A voz vem de trás deles. O trio vira-se para trás e vê um colega que já não viam há algumas horas.
Rob: "Até que enfim. Finalmente vos alcancei."
Ofegante, Rob segura na mala, visivelmente cansado. O grupo seguiu em frente, sem esperar por ele. Parte da culpa também foi sua por ter ficado a conversar com o esquisito condutor do autocarro. Quando deu por si e viu que não tinha ninguém à vista, começou desesperadamente a correr pela inclinação acima. 
No fim, aqui se encontra ele. Cansado e prontinho para se sentar em algum lugar.
Stacy: "Ah, Rob! Não sabíamos que estavas por aqui."
Nicole: "Ou que andavas à nossa procura feito um retardado."---------
Palavras cruéis, para variar.
Tony: "Ao menos sabemos que ainda estás vivo."
Stacy dá uma leve chapada no braço de seu namorado, como se para censurá-lo. Ela sabia que Tony não era grande fã de Rob, mas ao menos exigia respeito por ele em público. Se algo de mal tinha para lhe contar, que guardasse até ao fim.
Stacy: "Estou feliz que te encontres bem."
Diz ela, carinhosamente, pondo um sorriso largo na cara. É um gesto contagiante. Até Rob não consegue impedir de colocar também um sorriso. Talvez seja pelo carisma da rapariga ou por estar feliz de os finalmente ter alcançado.
Rob: "Sim, estou feliz por vos ver." 
O cansaço notava-se. Pobre rapaz. Não é lá muito atlético e ainda se esforçou ao máximo só para os alcançar. Só por isso devia ser ajudado.
Stacy: "Sabes, e que tal se nós te ajudassemos?"
Tony: "Estás a gozar?!"
Nicole: "Hã?!" 
Rob: "A sério?"
Stacy: "Sim, a sério."
Stacy, coloca a sua mão em cima do ombro de Tony, que se encintra visivelmente incomodado com a presença de Rob.
Stacy: "E que tal, amor?"
Tony: "A mim não me enganas. Diz lá o que queres."
Stacy: "Seria bom da tua parte levares a mala do Rob. Não vês que ele está de rastos."
O namorado cruza os braços, como um bebé.
Tony: "Nem pensar."
Stacy: "Tony..."
Tony: "Não é não."
Stacy coloca-se à frente de Tony e começa a olhá-lo nos olhos, sempre com o seu doce sorriso, capaz de cativar qualquer um. Com uma face destas, nem Tony pôde negar.
Tony: "Ah! Está bem, ganhaste."
Diz Tony frustrado, enquanto baixa os braços.
Stacy: "Obrigado, querido." 
Tony vai até Rob, sempre encarando-o com a cara de alguém de poucos amigos e puxando a sua mala. Contra a sua vontade, ele pega na mala e segue caminho, deixando a sua namorada, Nicole e Rob para trás, sem a menor misericórdia.
O próprio Rob também desgustava de Tony. Parece que o sentimento era recíproco.
Stacy: "Desculpa lá o comportamente dele."
Diz Stacy, dirigindo-se a Rob.
Rob: "Não há problema."
Isto é algo que ele nunca diria sobre Tony, mas, perante Stacy, sentir-se-ia mal ao negá-la. Por isso, forçou um bem-estar com a figura em específico.
Nicole: "Malta? Vamos andando ou não?"
Stacy: "Tudo bem, vamos agora."
Então, os três seguem caminho para a frente. Tony já lá vai à frente, a uns metros deles. Está bastante indignado com a presença de Rob. 
Acha que será Rob a pessoa que estragará a estadia deles. Na escola, sempre foi chato. Sempre pensou pelo lado lógico da coisa. Nunca se diverte. Pelo menos, essa é a forma que Tony vê as coisas. Talvez esta opinião seja influenciada pela pequena rivalidade que Rob e Tony possuem.
Durante toda a sua vida, Tony nunca precisou de se esforçar. Na escola, sempre demonstrou grande inteligência, mesmo tocando pouco nos livros em casa. De facto, era tão inteligente que sempre conseguia as notas mais altas da turma.
Rob sempre se esforçou. Nunca teve sorte. Nunca possuiu nada de graça. Se quisesse algo, teria de trabalhar para a obobterAnyes de fazer os testes, estudava como se não houvesse amanhã. Não importavam as horas a que se iria deitar, desde que tivesse compreendido e fixado tudo. E os resultados refletiam bem o seu esforço. Sempre teve notas altas, no entanto, nunca foram as mais altas. Ou melhor, sempre fora equiparado a Tony. 
Ambos possuíam notas altíssimas. Um esforçava-se ao máximo para conseguir o que tem. Outro nunca levantava um dedo e sempre conseguia o que queria. A representação do esforço e a representação do talento puro. É de se esperar que não vão se dar bem. Assim tem sido e, muito provavelmente, assim será.

Seguiam por ali os quatro, estando Tony um pouco mais adiante dos outros três, que andavam próximos uns dos outros. Ia tudo em silêncio, naquele caminho que, para eles, parecia interminável, estando Stacy e Nicole a puxarem as suas malas de viagem, já Rob ia de mãos vazias, pois Tony ia, contra a sua própria vo tade, levando a mala de Rob. Estava tudo bem até que, o silêncio termina.
Stacy: "Estás melhor?"
Pergunta Stacy, estendendo o braço direito, cuja mão segura numa garrafa térmica preta. 
Nem Rob pode recusar um ato de generosidade destes. Por isso, ele pega e responde à pergunta:
Rob: "Sim, o meu fôlego já recuperou, mas ainda me doem as pernas."
Rob abre a garrafa, coloca algum líquido na tampa e bebe.
Stacy: "Que tal?"
Rob: "É bom. Foste tu que fizeste?"
Stacy imediatamente cora. As suas bochechas ficam rosadas, parecendo até duas maçãs acabadas de cair de uma macieira.
Nicole nota neste estado de Stacy e não se consegue impedir de mandar um comentário:
Nicole: "Ai, o Tony arranjou uma namorada mesmo idiota. Mesmo assim, ainda consegue ser tão fofa. Que raiva."
Rob nem sabe como reagir. Stacy parece até que ignora o comentário. Também não sabe se foi um elogio.
A conversa acaba por se perder. Já não tem mais algum tema. É aí que Rob se lembra da sua teoria. Não sabe se será maluquinho por estar a pensar demasiado no raio do sorteio, mas há lago que não lhe parece bem. Será que os outros pensam da mesma forma? O melhor talvez seja perguntar. Reunindo toda a sua coragem, Rob pergunta a Stacy:
Rob: "Eu estive a pensar no autocarro sobre a viagem e o sorteio. Não me leves a mal, eu gosto de relaxar, mesmo que seja por dois dias, mas..."
Rob pausa por um momento, contemplando se deveria terminar a frase ou não.
Stacy olha-o, surpresa com o tema da conversa. Não concorda muito com ele, contudo acha que deve ouvi-lo até ao fim.
Nicole tem o olho espetado para o lado. Esteve a ouvir a curta troca entre os dois. Agora que a conversa ficou interessante, tem a atenção no máximo para as próximas palavras.
Então, Rob torna a falar:
Rob: "Pensa bem. Qual é a probabilidade de seis alunos da mesma turma ganharem o Sorteio de Formação da Universidade. Já para não falar que o clima que esta área transmite é sinistro. E as histórias do local não ajudam nem um pouco."
Stacy: "Rob, o que está a sugerir?"
Rob: "Nem eu sei o que isso pode significar, mas, de algo te asseguro: coisa boa não há de ser." 
O ar morre. O clima está tenso. Ninguém pia. Ainda estão a tentar processar o que foi dito.
Stacy: "Isso..."
Começa a dizer ela.
Nicole: "Isso é uma parvoíce."
Intervém Nicole, que se encontrava à direita de Stacy que, por sua vez, se encontrava à direita de Rob. Nicole, rudemente, interrompe Stacy a meio da sua frase. 
Rob: "Com que então 'parvoíce'?"
Nicole: "Até parece que ouves mal. Sim, eu disse exatamente o que ouviste."
É uma provocação. Rob nem duvida disso. Mesmo assim, decide, voluntariamente, cair na armadilha.
Rob: "Ok, explica-te lá."
Nicole: "Eu explico, mas é só porque tu queres."
Diz ela, picando ainda mais Rob, antes de começar.
Nicole: "O sorteio é feito para recompensar os estudantes que se vão graduar da Universidade. É simples. Se estás no teu último ano, estás apto para participar. Vais até à Diretora de Turma, dizes que estás interessado e pronto. Entraste no sorteio. Não tem mais nada que se lhe diga."
Rob: "Pois, mas acho que te esqueces que não é só uma turma que está a concorrer. Tens todas as turmas que estão nos seus últimos anos de Universidade. Isso inclui a turma A, B, C e, é claro, a nossa, a D."
Nicole: "E então?"
Rob: "Se pensares bem, o mais provável seria que o grupo vencedor de seis fosse uma amálgama de várias turmas. Um da A, dois da B, um da C e dois da D. Esse é o tipo de grupos que deveríamos esperar, contudo..."
Stacy: "O nosso grupo é apenas cinstituído por alunos da turma D."
Completa Stacy a frase, começando a entender o que Rob está a sugerir.
Nicole: "Concordas com ele, Stacy?"
Stacy: "Não necessariamente, mas entendo o que ele nos está a dizer."
Diz ela, extremamente nervosa.
Rob: "Ouve, Nicole. Sei que é complicado, mas peço-te mesmo que, ao menos me compreendas. Tudo isto pode parecer normal, mas, se pensares um pouco, começarás a perceber que as coisas não são tão simples quanto parecem."
Nicole: "Cá para mim, estás só a pensar demasiado, tendo em conta que formulaste tudo isto com base no facto do grupo pertencer todo à mesma turma."
Ela não se conforma. Parece que as coisas não irão mudar. Rob sabe disso, mas, antes de acabar com a conversa, quer, pelo menos, deixar claro que não tem apenas um argumento na manga:
Rob: "É verdade o que dizes. Esse é um dos meus argumentos, mas nunca disse que era o meu único. Eu sou azarado e sei disso. Por isso, não me surpreenderia que esta viagem tivesse sido planeada há já muito tempo."
Nicole: "Que raio é que estás para aí a dizer?"
Pergunta Nicole, esperando a maior das barbaridades a ser dita por Rob. Ainda assim, embora não queira admitir está um quanto tanto curiosa. 
Stacy: "Explica, por favor, Rob."
Ele acena com a cabeça e, antes de começar a falar, engole em seco, só de pensar nas palavras que lhe estão prestes a sair da boca. Só então, é que fala:
Rob: "Vocês notaram que me atrasei. Só vim ter convosco após alguns minutos. Isso é porque aproveitei para conversar com o condutor. Aproveitei e fui aliviar algumas das minhas suspeitas. Ele não achava nada de suspeito, mas falou-me sobre as lendas do local."
Nicole: "Sim, e o que tem o Rake a haver com isto?"
Rob: "Ele alimenta-se de carne humana, não é?"
Stacy: "Acreditas mesmo nisso, Rob?"
Pergunta ela, já prevendo o ponto que Rob iria fazer. Ao que o próprio responde, olhando-a nos olhos. Stacy rapidamente percebe que aquilo é um sim.
Nicole: "Ei, digam alguma coisa, não estou a compreender!"
Pede Nicole, irritada, vendo que estão a agir como se a sua presença fosse insignificante.
Então, Rob vira-se para Nicole, olhando-a seriamente nos olhos, assustando-a internamente. Nesse momento, a sua sugestão é explicitada para Nicole, numa voz que transmite incerteza e medo:

Rob: "E se, nós fomos enviados aqui como comida para o Rake."

Nicole petrifica. Ela continua a caminhar, instintivamente, pois, psicologicamente, estava incrédula. Nunca pensara nisso. O seu colega só pode estar louco. Caso contrário, a lenda do Rake é verdadeira. Não, esse não pode ser o caso. 
Nicole: "Sem dúvida, enlouqueceste."
Stacy coloca a mão sobre Nicole, de modo a confortá-la.
Stacy: "Nicole, eu sei que pode ser complicado processar isto tudo, mas é uma possibilidade. Isso é inegável."
Nicole: "E o que vos faz pensar que o Rake é verdadeiro?"
Rob: "Não sei se ouviste sobre o caso do casal que voltou separado. A namorada desapareceu. O rapaz voltou, contudo estava preso na ilusão de que o seu amor ainda se encontrava ao seu lado. Muito provavelmente, ele estava sob efeito das ilusões da criatura."
Nicole lembra-se. O que Rob fala é verdade. Bem sabe ela. Tinha ouvido isso de sua mãe, mas não tinha acreditado muito. Agora, ao ouvir tudo de Rob e os pontos todos a conectarem, não pode mais fingir que aquilo não é verdade. Mesmo assim, o seu orgulho, impede-a.
Então, Nicole tira a mão de Stacy de cima do seu ombro, dando-lhe uma forte palmada na mão e diz:
Nicole: "Nem sei como existem pessoas que te suportam. A sério, tu estragas tudo em que te metes, Rob."
E a rapariga acelera o passo, caminhando para a frente a uma velocidade rápida, violentamente empurrando a sua mala de viagem para a frente. Nicole deixa os dois para trás. 
Tanto Rob e Stacy ficam calados. Continuam a caminhar, mas sem o que dizer. Por vezes, o silêncio é a melhor arma.

Darryl contemplava a paisagem do interior do teleférico que, aos poucos, se ia aproximando do destino. Até Demi se encontra cativada pelo cenário branco que estava do outro lado da janela.
Eles conseguiam ver de tudo. 
Viam as árvores lá de baixo cobertas de neve, algumas até caídas no chão, pois não conseguiram resistir às tempestades de neve.
Veem também um abandonado posto de esquiagem. Parece estar inativo. A madeira, até vista de longe, parece frágil e quebradiça. Não existe ninguém por perto a vigiar ou a proteger o local. É seguro dizer que ninguém lá iria assim tão cedo.
Estava silêncio há já algum tempo. Demi sabia disso. Sabia também que era melhor ficar a conhecer o rapaz, por muito que este só quisesse ficar sozinho.
Então, numa tentativa um tanto quanto mal pensada, Demi dá o seu melhor: 
Demi: "É lindo, não é?"
Pergunta Demi a Darryl com o mais puro brilho de entusiasmo nos olhos.
Darryl: "N-Nada de especial."
Responde Darryl, hesitantemente, deixando transparecer uma certa alegria na sua voz. Nem ele conseguia disfarçar bem os seus verdadeiros sentimentos.
Na verdade, sentia-se cativado pela paisagem. Não porque era bela, mas pelo que ela o lembrava. 
Darryl: "Isto até me traz memórias."
Diz ele, como se um pensamento lhe tivesse escapado da cabeça.
Demi para de olhar para a paisagem e vira as atenções para o seu colega que se encontra à sua frente, no outro assento. Algo naquela frase lhe interessou.
Darryl: "O que tenho?"
Pergunta ele, corado, ao notar que Demi o encara com um súbtil sorriso, como se tivesse feito a maior asneira do mundo.
Demi: "Como assim?"
Darryl: "Que chata, mas o que queres saber?"
Pergunta ele, de bochechas vermelhas e levemente irritado.
Demi dá uma leve risada.
Ele esteve tão sério durante todo este tempo. Até na escola, nunca ninguém o vira a sorrir. Parece que se deve ao facto de nem se atreverem de se aproximarem dele. Realmente, ele transmite uma aura capaz de deixar qualquer um nervoso e com medo. Pensando bem, ele deve fazer isso de propósito, de modo a evitar contacto com os outros. Se ao menos a sua mãe, pai e irmão soubessem que ele faz isso...
Darryl: "Ei, de que é que te estás a rir, idiota?"
Demi: "Nada, é só que raramente alguém te vê assim."
Darryl: "Como?"
Demi: "Andas sempre tão sério e sisudo que chega a ser raro ver te assim tão vulnerável. Chega até a ser engraçado o contraste inesperado entre essas duas facetas."
Darryl: "Ora sua..."
Darryl está todo vermelho. Não queria que ninguém o visse assim. Não é como se uma máscara lhe ricesse caído do rosto. Nunca tentou esconder quem é. Só se sente frustrado, pois foi apanhado desprevenido. Sem dar por nada, o seu lado mais vulnerável, o mesmo que ninguém gosta de ver exposto, foi mostrado ao mundo. Quem diria que seria sob esta lua cheia que alguém como Demi o veria no seu momento mais vulnerável?
Darryl: "Para já com isso, sua vagabunda ou..."
Nada lhe vem à cabeça, neste ponto fará de tudo para fazer com que Demi pare de se rir. 
Demi, abruptamente, abranda os risos, até parar cometamente.
Demi: "Tudo bem, tudo bem, eu paro."
Diz ela, contendo algum riso que ainda possua interiormente.
Imediatamente, o silêncio volta. Mais ninguém tem alguma coragem para falar. Ou melhor dizendo, não sabiam o que dizer. A piada rapidamente evaporou.
Eles olham para os lados, pretendendo evitar o contacto visual. Se isso acontecesse, o clima ficaria ainda mais constrangedor do que já está. 
Nenhum dos dias se atrevia a falar. Chegava até a ouvir-se o ranger do metal no cabo do teleférico. Deve ser bastante utilizada, pois, sem dúvida, está enferrujado.
Então, envergonhadamente, Demi pergunta, por curiosidade:
Demi: "Só tenho uma pergunta."
Darryl: "Sim?"
Pergunta ele, já esperando o pior.
Demi: "A que é que te estavas a referir há bocado?"
Darryl decide não responder. Ouviu a pergunta em alto e bom som. Não tinha problemas de audição. Nunca teve. Ainda assim, decidiu ignorar a pergunta por completo. Faria de tudo para evitar o íntimo assunto em questão.
Demi: "Tu bem sabes do que estou a falar. Não podes simplesmente ignorar-me."
Apontou ela a ação de Darryl nos últimos momentos, com a maior calma.
Demi: "De que é que este cenário te lembra, Darryl?"
Ele já não pode simplesmente ignorá-la. Isso já não funcionará. Está entre a espada e a parede.
Darryl: "E-Eu..."
Sabia que tinha de dizer algo, só não sabia o que tinha de responder. 
Demi: "Não tenhas vergonha, diz."
Darryl: "B-Bem..."
Demi olhava-o. Estava mesmo entusiasmada por saber algo sobre ele. Que tem a rapariga afinal? Porque quer saber tanto dele?
Darryl: "Hum..."
Ele observava os arredores, procurando auxílio. Mesmo assim, nada lhe via à cabeça. Ninguém o viria salvar. Nem mesmo Deus, se é que existe.
Demi: "Então, Darryl, explica-nos."
Tinha de dizer algo rápido. O tempo estava a acabar. O teleférico ainda demorava a chegar ao destino. Estava sozinho nesta luta.
Darryl: "E-Eu...hum..."
A pressão ficava maior. O tempo não parava de passar. 
Darryl: "Eu acho que..."
Não o quer dizer, mas terá de o fazer, mesmo que seja contra a sua vontade. Sim, é assim que será. Já se decidiu.
Então, reunindo coragem, ele abre a boca para falar:
Darryl: "É que, quando era pequeno, eu-"
*Fisch*
Um som agudo interrompe-o. Um som que parece um rato a esguichar. É um daqueles barulhos capaz de arrepiar os pelos de qualquer um. Curiosamente, isso não ocorreu em nenhum dos dois colegas de turma.
Demi: "O que se passa?"
Pergunta ela, nervosa.
Darryl olha ao redor. Agora, a vergonha deu lugar à preocupação. Nada mais estava na sua mente, senão o desejo de viver.
Primeiro, olha para o seu lado direito e, de seguida para o esquerdo. O que vê é algo esquisito, mas que coincide com o que já tinha ppresumido. Tendo em conta o som feito, então faz ainda mais sentido. Isso significa que...
Darryl: "Raios."
Demi: "Darryl? Que se passa?"
Darryl: "Dá uma boa vista de olhos no que te rodeia, sua idiota."
Demi sente-se insultada, como qualquer um ficaria. Ainda assim, sente alguma verdade nas palavras do colega. Em vez de parar para observar, limitou-se a fazer perguntas. Desta vez, seguirá as suas instruções. Ela volta a cabeça para a sua direita, na direção do destino e apercebe-se que...
Demi: "Oh, não."
Darryl: "É difícil de acreditar, mas é a relidade."
Demi: "Como?"
Darryl: "Não sei o que aconteceu. Detesto ter de admitir, mas estou tão perdido quanto tu. Só sabemos uma coisa: ..."
Darryl levanta-se e olha para a sua direita, na mesma direção em que Demi ainda está virada. Então, ele completa a frase:
Darryl: "O teleférico parou. Teremos de arranjar alguma forma de sair desta espelunca."

Tony ia adiante de todos, puxando a sua mala e a de Rob. Caminhava ao seu ritmo acelerado, tendo deixado todos para trás. Se havia pessoa no mundo que não conseguia suportar era Rob.
Achava-o demasiado cauteloso. Questionava sempre tudo. Talvez fosse essa a razão de, às vezes, ficar um pouco aquém, academicamente. De tanto se perguntar e questionar o sistema, acabava por dar respostas estapafúrdias. Isso deixava-o contente. Só de saber que chegava a ter notas melhores que Rob, que por sua vez estudava para aí o triplo dele.
Sim, cauteloso demais. Mas, não era só isso que o fazia odiar. Tinha algo a mais...
Nicole: "Juro-te, até estava a ficar com pena de ti."
Tony salta, com a surpresa. O seu coração parece que vai saltar do peito.  
Tony: "Ai, que susto!"
Exclamava ele, claramente irritado.
Subitamente, Nicoe surge ao seu lado a caminhar, puxando a sua mala, ao mesmo ritmo que ele. 
Nicole: "Caramba, ficas irritado mesmo facilmente. Tem calma, apenas me intrometi no teu raciocínio. Não fiz nada de mais."
Tony: "Claro, claro."
Diz, tentando desconversar. E até sucede.
Nicole fica sem resposta. O jovem estava mesmo pensativo. Completamente absorvido nos seus pensamentos. E ela acabou de o interromper. Agora, aqui está: a conversar com ele, enquanto andam. Sentir-se-ia mal, mas...ela não é esse tipo de pessoa.
Nicole: "Então diz lá."
Tony: "Nem penses."
Nicole: "Vamos lá, conta-me sobre o que estavas a pensar com essa cara de boneco."
Foi um insulto bem disfarçado.
Tony: "Até parece que contarei a alguém como tu."
Nicole: "E o que é que eu tenho?"
Tony: "És alguém rasca."
Nicole: "Hã?"
Ela olha-o como se ele tivesse falado algo em chinês. Pois é. Esquecera-se de utilizar palavras mais simples, quando conversava com ela. Já se tinha mentalizado de tal, mas, com os sentimentos à flor da pele, esqueceu-se de aplicar a tática.
Tony: "Bem, rasca é alguém de poucas qualidades, sabes. Uma pessoa que não é lá muito inteligente."
Nicole parece que levou um soco no estômago. Faz uma cara de alguém que viu coisas mesmo nojentas e diz:
Nicole: "E como é que eu posso ser 'rasca'?"
Pergunta ela, estranhando o facto de alguém a ter insultado. Chega a ser irónico. A pessoa que mais manda insultos, não gosta quando é alvo de troça. Que estúpido.
Tony: "Na verdade, existem muitas provas da tua inferioridade, se queres que te seja sincero."
Informa, num tom maldoso e arrogante.
Nicole: "Tais como?"
Tony: "As tuas notas. São miseráveis quando comparadas com as minhas."
Nicole: "Estás a chamar-me de burra?"
Faz ela a pergunta, parecendo já fumegar da cabeça.
Tony: "Não, necessariamente. Só te estou a dizer que sou melhor."
Nicole: "Se ao menos o mesmo acontecesse socialmente..."
Foi um golpe baixo, mas que é eficiente, quase todas as vezes. Aqui não foi diferente.
Tony: "E o que isso tem a ver?"
Nicole: "Parece que o génio aqui não está a entender. Ora pois, temos pena."
Nicole até se começa a rir de Tony, adicionando mais sal à ferida.
Tony: "O teu ego chega a ultrapassar o monte Evereste."
Nicole: "Digo o mesmo da tua hipocrisia."
Parece que Nicole acabou por rematar o assunto. Tony perdeu esta inútil troca de boquinhas, embora não o queira admitir.
O clima já acalmou, após ter atingido o seu clímax. Tony: "Odeio-te mesmo."
Nicole: "Igualmente."
Tony: "Quer dizer...nem és a pior pessoa daqui."
Ela até fica interessada. É a representação da típica fofoqueira. Ouve intriga e fica logo atenta. 
Nicole: "Espera lá um pouco! Volta atrás no que disseste agora mesmo!"
Tony: "..."
Nicole: "Eu peço-te: por favor diz-me quem é que tu mais odeias (embora tenha as minhas suspeitas)!"
Empolgadíssima, ela, com uma das mãos (porque a outra estava ocupada a puxar a sua mala de viagem), faz uma breve oração, como se Tony fosse um Deus a quem Nicole estava a orar. Os seus olhos brilhavam. Uma expressão facial fofa, capaz de cativar qualquer um.
É difícil de recusar. Nicole pode ser bem chata, mas é bastante bonita. E ela vem tirando proveito desse seu aspeto. Bem consciente está ela da sua própria beleza. É por isso que, imediatamente, colcou a cara mais sedutora e fofa que podia.
Uma rapariga de cabelos escuros, perfeitamente lisos. Tão lisos que nem parece real. As suas bochechas são claras, ao contrário das de Stacy que são exageradamente vermelhas. Olhos verdes, como se fossem esmeraldas a brilhar no escuro daquela noite. Lábios perfeitamente rechonchudos. Talvez seja o efeito do bâton, mas eles são bastante atrativos. São perfeitos para se beijar.
Tony até chega a corar. A mera visão daquela mulher deixava-o a pensar em coisas indevidas. Ele tem namorada. Uma que está muito longe de ser feia.
Stacy, uma rapariga alta, de cabelos loiros, tão brilhantes. Olhos azúis, tão brilhantes quanto os de Nicole. É, no entanto, mais tímida.
Tony ama-a. Sempre a amou.
Contudo...
Tony sempre quer mais. Para ele, não basta um só amor. A ganância do humano está muito bem presente na sua mente. Para ele, melhor que uma namorada, são duas.
Por isso, pretendendo agradar a inteligente e bela Nicole, Tony acaba por ceder.
Tony: "Se tu queres assim tanto, eu faço-te o favor."
Diz ele, com a cara toda vermelha.
Foi aí que Nicole percebeu que a sua tática surtiu efeito. É mesmo inteligente (quando quer).
Nicole: "Então, conta logo!"
Pede ela, mostrando real entusiasmo.
Tony recompõem-se e responde às preces da rapariga.
Tony: "Não era nada demais. Só estava a pensar sobre o quanto eu detestava alguém. É uma pessoa mesmo insuportável. Se ele morresse neste momento, aposto que ninguém sentiria a sua falta. Na verdade, poderia muito bem nem existir, a meu ver. Esse sacana consegue estragar tudo, mas mesmo tudo em que se mete e, como se isso não bastasse, o sacana ainda-"
Nicole: "É o Rob, não é?"
Interrompe Nicole, a meio da fala de Tony.
Por acaso, ela até fez bem em intervir. Tony estava mais do que exaltado. Mais alguns segundos e iria revelar uma opinião mesmo íntima.
Tony: "Também não estava difícil de adivinhar."
Diz ele, mais calmo e com a cabeça arrefecida.
Nicole: "Realmente, fazem 10 minutos que te afastaste dele, todo indignado."
Tony: "E tu, porque te afastaste deles e te vieste juntar a mim?"
Nicole: "Também foi o Rob."
Tony quase que sorri. Só de oensar que ela partilha da mesma opinião dele. Pode usar esse facto como ferramenta para se aproximar dela.
Nicole: "Ele agora anda completamente passado. Não é que o cabrão acredita mesmo naquela estupidez do Rake. A Demi ainda dá para desculpar, porque ela ao menos é fixe, mas o Rob..."
Outra coisa que ambos têm em comum: ambos não gostam bem acreditam nisso do Rake. Pode também usar esse facto a seu benefício.
Tony: "Sim, tens razão, se existe alguém que eu odeio de coração neste mundo é certamente o Rob."
Num tom calmo, ele informa-a. 
Nicole deixa sorrir um sorriso matreiro, de alguém que apronta algo. Ela coloca as mãos nos bolsos e dá um pontapé no rabo de Tony, mal dá o próximo passo.
Tony: "Ei! Para que foi isso?"
Pergunta ele, todo exaltado, ao mesmo tempo que caminha, puxando as duas malas. Ao que Nicole responde, com o mesmo suspeito sorriso:
Nicole: "Sempre soube que eras alguém em quem podia confiar."
Esta foi uma confissão. Não uma confissão de amor, mas uma que demonstra confiança. Parece que Tony e Nicole têm coisas em comum. Mais para o mal do que para o bem.
Tony quase que, acidentalmente solta um sorriso. Corou outra vez. Os seus esforços provaram-se úteis. Na verdade, desta vez, estava a ser sincero. 
Já não sente dor no rabo. Tudo voltou ao normal, mas agora sente que a relação entre ele e Nicole está a ir no caminho certo. 
Tony continua a caminhar ao lado de Nicole, puxando as suas malas (se bem que Tony puxava a sua e a de outros). Dá mais uns passos naquela inclinação que parecia chegar a um fim. Em poucos momentos, chegariam ao topo.
Vai dar Tony mais um passo. Levanta o pé, ao mesmo ritmo da caminhada e vai pousá-lo, quando...
Nicole: "Que se passa, Tony?"
Pergunta Nicole, vendo que Tony já não se encontra parado.
Ela vira-se para trás e vê Tony parado, com o pé direito erguido, a olhar para o chão com uma cara estranha.
Tony: "Mas que raio..."
Ele estava completamente focado em algo. Algo que se encontrava a seus pés. Ou melhor, a seu pé.
Nem ele próprio sabia do que se tratava. Parecia apenas mais um pedaço de solo, coberto de neve, mas...
Tony: "Isto não é terra, é...macio."
Conclui Tony, cutucando no misterioso pedaço do caminho com o seu pé direito elevado.
Stacy: "O que é que tens, Tony?"
Stacy e Rob já os alcançaram. Também pararam. Estão curiosos com esta barafusta. Veem Tony e Nicole parados. Algo se passa.
Rob: "Está tudo bem?"
Pergunta Rob, visivelmente preocupado. 
Nicole não o toleraria, habitualmente, no entanto, de momento, tinha outras preocupações. O mesmo acontecia com Tony.
Após algum tempo a cutucar o que quer que estava no solo com o pé, Tony reúne alguma coragem, larga amabas as malas e agacha-se. Ele olha atentamente para o solo e levanta o braço. Precisará de tirar a neve de cima para averiguar do que se trata. Só não sabe se tem coragem para tal.
A sua mão treme. Está com medo, medo do desconhecido. Mesmo Nicole e Stacy que só estão, com uma das mãos na pega de suas malas de viagem, a observar, demonstram a mesma preocupação. Rob, embora apreensivo, não se pode dizer que está assustado. Em vez de entrar imediatamente em pânico, preferez em primeiro lugar, averiguar a situação. De todos, é o mais racional.
Nicole: "Raios, Tony, és homem ou não?"
Já nem aguentava todo o suspense. Deixava-a nervosa. Tão nervosa que segurava na pega da mala com uma força tão grande que nem ela sabia que possuía.
Stacy: "Tony..."
Tony: "Malta..."
Tony pausa, com os nervos quase visíveis a olho nu.
Só depois é que ele volta, admitindo:
Tony: "Eu tenho medo..."
Rob já esperava. Embora Tony seja arrogante, quando as coisas ficam tensas é que mostra as suas verdadeiras cores. Lá no fundo, ele não é tão fixe quanto dá a crer.
Nicole: "Já sabia que eras um coninhas."
Dizia ele, em frustração. Ao dizê-lo, está a ser hipócrita, pois nem ela teria coragem. Foi como a própria Nicole disse. Ela e Tony não são muito diferentes.
Stacy: "Então, o que fazemos?"
Stacy é a mais medrosa de todos. Estava a tremer da cabeça aos pés. 
Ninguém parece que se vai voluntariar. Por outro lado, Rob não poderia ficar ali parado. É verdade que, revelar do que se trata, pode averiguar a situação e aliviar os nervos, como pode ter o efeito contrário. Resume-se tudo a um golpe de sorte.
Então, sem uma palavra, Rob caminha na direção do local onde se encontra Tony. 
Ele chega e agacha-se.
Rob: "Com licença."
Sem escolha alguma, Tony chega-se para o lado, deixando o mais corajoso trabalhar. Normalmente, isto não teria acontecido, mas, lá está, nestes momentos de tensão, todos os princípios e dignidade ficam de lado.
Rob levanta o braço. Algum nervosismo começa a bater. Não está a tremer, mas compreende a gravidade da situação. Ainda assim, Rob consegue ignorar esse sentimento e mantém a calma. 
Está a centímetros do misterioso local do solo. Só precisa de retirar a neve de cima e todo o nervosismo e medo provar-se-á verdadeiro ou falso. Tudo será decidido em meros instantes. 
Rob: *Hunffffffffff*
Rob expira e pousa as mãos na neve. Sente que algo macio se encontra por baixo.
Nicole: "Despacha-te com isso."
Reclama outra vez Nicole. Não consegue ficar calada. Tem sempre algo para reclamar. É chata, mas também, que remédio.
Rob: "Vamos lá."
Sem gastar mais um segundo que fosse, Rob, num rápido e hábil movimento, retira pedações de neve de cima da superfície. É aí que é revelado.
Realmente, não era um mero pedaço irregular de solo. 
Nicole: "Que é isso?"
Não podia ser mais óbvio. Ela é que era demasiado burra para entender.
Stacy: "Porquê aqui e a este momento do ano?"
Tony: "Quem é que anda a caçar..."
Rob: "Um veado?"
Sim, um veado. Morto. Não havia pulsar algum de vida. Tem ar de já ter sido morto há algum tempo. Com as tempestades e quedas de neve, acabou por se infiltrar na paisagem. Mas essa não era a parte mais esquisita.
Rob: "Tem algo a mais."
Tony: "O que é esse buraco na barriga do animal?"
Stacy: "Uma b-bala."
Sugeria ela, pretendendo não acreditar na sua suposição.
Rob toca no buraco que se encontra na barriga branca e felpuda do ser vivo. Ele não reage. Está mesmo morto. 
Rob: "Há leves vestígios de sangue à volta do buraco, mas está seco."
Tony: "Então, isso significa que quem lhe deu um tiro já não deve andar por aqui."
Nicole: "Quer dizer, quem é que anda por estas colinas a caçar?"
Stacy: "Nunca podemos duvidar dos humanos. Existem caçadores capazes de tudo."
Lá está Stacy, benevolente como sempre.
Rob: "Realmente, é um cenário um pouco esquisito."
Isto é a última coisa que esperavam ver na viagem. Queriam passar tempo de qualidade com os companheiros. Acima de tudo, queriam relaxar, mas este veado morto, pode ser um sinal, sinal de que nada será assim tão simples.
Nicole: "Bem, já me está a doer a cabeça de tanto especular. Vou andando, senão nunca mais chegamos à cabana."
E sem mais nem menos, Nicole segue caminho.
Tony, vendo que está a ser deixado para trás, levanta-se, pega nas malas e vai atrás de Nicole, a correr.
Stacy recompõem-se e recupera a pega da mala. Sem dizer nada, dizia a Rob que deveriam também partir. Antes de mais, teriam que chegar à cabana. É possível que Demi e Darryl já la tenham chegado antes deles.
Rob levanta-se, sem dizer nada e junta-se a Stacy. Assim, os dois vão caminhando pela colina acima, esperando sempre o melhor.

Darryl: "Raios!"
Exclamava ele, com o telemóvel na mão.
Darryl: "Estou sem rede."
Demi: "Oh não!"
Já começou a ficar nervosa. Ainda assim, permanece o mais calmo possível. Afinal, lembrou-se de algo.
Demi: "Deixa-me ver o meu telemóvel."
As esperanças começama a subir. Mesmo Darryl se aproxima ainda mais da rapariga, de modo a ver o resultado.
Ela tira o telemóvel do bolso das suas longas calças de ganga azúis, carrega no botão e...
Darryl e Demi: "BOA!"
Em uníssono, eles gritam de felicidade. O rapaz até coloca a mão no ombro de Demi.
No fim, eles percebem a posição em que se encontram. Estão um pouco próximos a mais. Trocam olhares que pretendem dizer algo. A mensagem chega.
Darryl: "Desculpa, acho que me exaltei a mais."
Diz, ao tirar a mão do ombro dela e a ganhar distância da mesma.
Demi: "Pois digo o mesmo."
Passado este momento constrangedor, eles voltam as atenções para o que importa.
Darryl: "Afinal, ainda há esperança." 

Finalmente, após uma longa caminhada, o grupo chega ao topo da colina. A mansão está pronta para ser usada.
Tony e Nicole são os primeiros a chegar. Eles noram que o terreno passou de inclinado a plano. Olham para a frente e veem a mansão.
Tony: "Uau! Isto é a mansão?"
Nicole: "Não me parece que haja outro lugar onde possamos ficar, ó meu caro idiota."
Tony deixa o insulto passar e deslumbra-se com a beleza da estrutura.
Feita totalmente de madeira. Portas, a varanda do andar de cima e o chão. Tudo é feito de madeira, salvo as janelas no andar de cima da varanda e do andar de baixo. 
É um paraíso no meio daquele caminho interminável de neve. Um óasis no meio do deserto. 
Tony: "Digo já que o caminho valeu a pena."
Nicole: "Vamos é entrar. Estou a morrer de frio."
Assim, Nicole segue adiante, deixando Tony para trás. Só se esqueceu de uma coisa. Ia abrir a porta quando...
Nicole: "Ah! Pois é. Quem é que tem a chave?"
Preparava-se para entrar quando se apercebeu de que era necessário uma chave. Às vezes parece mesmo burra.
Tony: "Eu não tenho a certeza, mas penso que seja o Ro-"
Rob: "Está aqui."
Logo no momento em que Tony ia dizer quem era o possuidor da chave, surge Rob, erguendo o objeto na mão. Mas Rob não veio só.
Stacy: "Caramba, este lugar é mais impressionante em pessoa. As imagens da internet não lhe fazem mesmo justiça."
Tony: "Tenho de concordar."
Aproveitou o momento. Queria melhorar a relação com a namorada. Só é capaz de ter escolhido o pior instante.
Nicole: "Venham logo seus estúpidos, está um frio de arrasar."
Rob: "Sim, já vai." 
Rob vai até à porta. É de madeira, para variar. Na parte de cima, está uma vidraça verde. Uma escolha de design curiosa.
Sem gastar mais tempo, Rob insere a chave na fechadura e roda duas vezes para a direita.
*Click*
A porta faz um som, sinalizando a sua abertura. Então, com um simples toque...

A cabana está aberta.

Rob segura a porta para os outros passarem.
Rob: "Entrem."
Um a um, eles vão entrando, como se em fileira.
Nicole: "Finalmente um lugar quente."
Tony: "Uau! Esta cabana não deixa de surpreender."
Stacy: "Obrigado."
Todos entraram. Só falta Rob. Assim, o rapaz coloca-se para dentro da instalação e fecha a porta, puxando-a para fora. Não é necessário trancar à chave. Darryl e Demi ainda vêm.
O rapaz vira-se para a cabana e contempla o interior.
Rob: "Ena pá."
É de tirar o fôlego a qualquer um. Parece que os melhores arquitetos do mundo se reuniram para construir a melhor obra da humanidade.
O salão principal é vasto e amplo. Chão, parede e tetos de madeira, como sempre. No centro da sala de estar, está um tapete vermelho de veludo sobre o qual se encontram três sofás, organizados de modo a que não importa onde alguém se sente, uma pessoa conseguirá ver a televisão. Por falar nela, a televisão encontra-se sobre uma mesa de vidro. De ecrã largo e comprido, é um modelo topo de gama.
Atrás dos sofás, estão escadas que levam aos pisos superiores. Presume que seja aí onde os outros irão em primeiro lugar.
Stacy: "Isto está incrível!"
Exclama Stacy, ao sentar-se no confortável sofá. É tão confortável que lhe apetece lá dormir. Na verdade, já sente o sono a aproximar-se só de lá estar.
Nicole: "Ai que quentinho!"
Diz Nicole felizmente, ao tirar o seu casaco.
Tony: "Sim, muito fixe, mas onde é que eu vou colocar todas estas malas."
Nicole: "Tens o andar de cima, mas..."
Stacy: "Acho melhor fazer a divisão dos quartos quando todos estiverem aqui presentes."
Rob: "A Stacy tem razão. Por enquanto, coloquem as malas na sala. Eles ainda devem demorar."
*Beep* *Beep* *Beep*
O som de um telemóvel. A vibração de um telemóvel.
Stacy: "É o meu telemóvel."
Avisa para todos, enquanto tira o telemóvel do bolso.
Ela olha para a tela e vê de quem se trata.
Rob: "Quem é?"
Stacy: "É a Demi."

Demi: "Atende..."
Espera ela impacientemente que Stacy atenda a chamada.
Darryl: "Costuma demorar tanto?"
Demi: "Não, pelo contrário. Ela atende sempre. Por favor, não seja agora que me falhas à palavra."
Darryl: "Esperemos..."
O toque do telemóvel da Stacy continua a dar. Continuará a tocar se ela não atender. Eles aguardam, aguardam e aguardam.
A espera é tão grande que Demi começa a bater o pé com tanta impaciência. Darryl começa a respirar mais pesadamente. Embora tente esconder a todo o custo, sente-se nervoso. Nervoso e com med-
Stacy: "Estou?"
Subitamente, uma voz é ouvida.
Demi: "Não acredito! Stacy? És tu?"
Pergunta sem desperdiçar um segundo, com o coração a mil. Darryl chega a abrir a boca de tanta surpresa. Nem se lembrou de a fechar.

Stacy: "Vocês estão bem?"
Coloca a questão, mostrando-se evidentemente preocupado com a segurança de ambos.
Tony: "Que quererão eles?"
Pergunta a Nicole que se encontra ao seu lado.
Nicole: "Ninguém tem a certeza. A esta altura já devem andar aos beijos."
Rob ignora o comentário maldoso da sua colega e presta atenção ao desenrolar de acontecimentos.

Demi: "Posso dizer que até que nos encontramos bem. Só há um probleminha: estamos presos num teleférico."
Stacy: "O QUÊ?!"
Nem ela se consegue conter. Chega a levantar-se do sofá de surpresa. Esta mera ação intrigou ainda mais os outros três que a observavam.
Tony: "Está tudo bem? Passa-se algo de mal com eles?"
Pergunta o namorada, curioso com a reação da companheira.
Stacy, por sua vez, ignora a pergunta de Tony, por enquanto, e continua a chamada:

Demi: "Eu sei, é complicado. Tudo corria bem, quando, subitamente, o teleférico parou. Não sabemos o que aconteceu ao certo. Apenas que agora estamos aqui. Suspensos no ar."
Nesse momento ela olha pelo vidro do teleférico e vê a distância a que estão do solo. Já lhe dá arrepios. Por isso, tira logo de lá o olhar.

Stacy: "Tens alguma ideia?"
Demi: "Nem por isso. Contudo, se existir uma hipótese de sair daqui, com certeza eu e o Darryl não conseguiremos fazer sozinhos."
Stacy: "Vão precisar de ajuda."
Demi: "Exato! E é aí que vocês entram."
Stacy pausa um pouco e leva a mão à cabeça. Tem 1 milhão de pensamentos a rodearem-lhe a cabeça. O seu coração parece uma bomba prestes a rebentar.
Os outros observam-na já ansiando o pior. Só Nicole é que já estava à espera que algo do género acontecesse, graças ao seu pessimismo. É por isso que não ficará impressionada.
Demi: "Stacy? Estás aí?"
Pergunta, após terem passado 5 segundos de silêncio.
Stacy: "S-Sim, é só que...estou preocupada convosco."
Diz, do fundo do seu coração, a ofegar.
Demi: "Acalma-te, ok? Nós vamos chegar em segurança."
Tenta acalmar a amiga.
Stacy: "Mas, e se não conseguirem e se-"
Demi: "Miúda..."
Ela intervém, pretendendo fazer com que Stacy pare de pensar em coisas desagradáveis.
Demi pausa um pouco, por 2 segundos. Cria alguma antecipação e solta a frase:

Demi: "Nós vamos sair daqui. É uma promessa." 

Com esta simples frase, ela criou esperança. Demonstrou a segurança que tinha em dizer tal afirmação. Estava segura de que ia sobreviver. Fez uma promessa.
Demi: "Por isso, fica tranquila. Está bem?"
A sua respiração volta ao normal. Os nervos também. É incrível como aquela simples frase a conseguiu teanquilizar tanto. Assim, Stacy, ainda a recuperar, responde:
Stacy: "Entendido."
Do outro lado, Demi chega a sorrir. Se ao menos Stacy pudesse ver...
Demi: "Vá, não se demorem. Estamos à vossa espera. Não nos decepcionem."
Stacy: "Combinado."
Demi: "Tchau!"
*Poum*
E, com um toque no ecrã, ela desliga a chamada. 

Tony: "Então?"
Rob: "O que é que aconteceu?"
Nicole: "Sim, desembucha lá."
Ela vira-se para os seus companheiros. Tem uma cara séria. Nunca a viram assim tão sisuda. Se até ela está assim, é porque a coisa é séria.
Stacy: "Malta..."
Pausa por um momento.
Stacy: "A Demi e o Darryl estão presos no teleférico."
É feita a revelação.
Tony: "Só podem estar a gozar..."
Rob: "O quê?!"
Nicole: "Espera, havia um teleférico?"
Só ela é que não se lembrava.
Stacy: "Também não entendi muito bem. Aparentemente eles estavam sentados, quando, subitamente, por alguma razão, o teleférico parou."
Tony: "Era o que faltava..."
Nicole: "Realmente. Tinham que ser eles a ir no teleférico. Não podiam simplesmente ter vindo conosco?"
Rob: "Isso não importa, malta."
Diz, tentando unir o grupo.
Rob: "Os nossos colegas precisam da nossa ajuda. Se vocês estivessem no lugar deles, também gostariam que alguém vos fosse ajudar. É exatamente isso que temos de fazer."
Stacy: "Posso confirmar."
Ela afasta-se dos sofás e vai ter com o resto do grupo que se encontra unido, junto às escadas da entrada.
Stacy: "Eles pediram ajuda. Como tal, é nossa responsabilidade fornecê-la. Não será a nossa preguiça que os matará."
Rob: "De acordo."
Contra todas estas palavras é complicado negar. Eles têm razão.
Nicole cruza os braços. Por muito que não queira admitir, eles têm razão. São seus colegas, quer goste ou não. É sua responsabilidade de os ajudar. Afinal, são os únicos naquela colina. Não podem pedir ajuda a mais ninguém.
Nicole: "Está bem. Têm razão."
Admite, por muito que não queira.
Nicole: "Mas fiquem já a saber que eu não vou. Está demasiado frio lá fora. E tu, Stacy, também não devias ir. Cá para mim, não te iria fazer bem."
Stacy: "Porquê?"
Nicole: "Rapariga, estás completamente devastada. Ficaste toda assustada com a revelação."
Stacy: "Mas agora estou melhor."
Argumenta, tentando convencê-la a todo o custo.
Rob: "Desculpa Stacy, mas a Nicole tem razão."
Intervém Rob na conversa.
Nicole: "Ora aqui está uma surpresa. Pensava que me detestavas."
Provoca.
Rob: "Independente do que acho de ti, admito que tens razão."
Ele volta o olhar para Stacy e continua:
Rob: "Ainda não recuperaste totalmente. Estás bastante nervosa."
Stacy: "Mas-"
Rob: "As tuas mãos estão a tremer. Não acho boa ideia ires assim."
Nem a própria tinha notado nesse facto. Agora ficou sem palavras. Tem de admitir que o melhor é mesmo não ir. Por muito que custe, terá de se abster desta.
Nicole: "Então está decidido. Rob e Tony, vão vocês."
Tony: "Eu? Porquê eu?"
Protesta mal sabe que ficará com Rob. É a pessoa que mais detesta. Tinha logo que ser ele.
Nicole: "Juro que não entendo a surpresa, pá. Mas então não estás a ver que a tua namorada está literalmente a tremer!"
Atira-lhe os factos à cara, já um pouco chateada.
Tony: "Eu sei. Disso eu sei, é só que..."
Não tem coragem. Ou melhor, não pode dizer. Especialmente à frente de Rob. Simplesmente não consegue dizer que não gosta de Rob e, como tal, não quer ir. Mas enfim...
Nicole: "E agora o gato mordeu-te a língua. Muito bem, está decidido. Daqui a 5 minutos, vocês partem. Por isso, vão arrumar o que precisam."
Tony: "Ok."
Já nem tem coragem para dizer mais nada. E desde quando é que Nicole ficou tão mandriona? Quando voltar, vai dar-lhe uma palavrinha.
Rob: "Vou só à casa de banho. Já volto."
Informa a todos, enquanto adianta caminho.
Mal o rapaz sai de perto do resto do grupo, Nicole vai até ao sofá e senta-se.
Nicole: "Finalmente, descanso."

O rapaz abre a porta da casa de banho, puxando a maçaneta de metal para baixo. Curioso era o facto da maçaneta não ser de madeira. 
Rob entra e tira o seu casaco, colocando-o em cima da sanita, com a tampa para baixo. Do bolso tira uma embalagem de comprimidos. Ele tira uma pílula e leva à boca. Era medicação para algo de que tem sofrido. Não tanto uma condição, mas mais um estado de espírito que o tem andado a dominar durante vários momentos do seu tempo na escola.

É que com toda a rivalidade que cria na sua cabeça...

 Com Tony e a raiva que ele lhe provoca...

Aliado à vontade que tem de ser sempre a melhor versão de si próprio, a versão capaz de vencer ao talento natural de Tony!...

...

Fica difícil não estar estressado.

Rob: "..."

 

 



Rob- inteligente, duvida sempre da situação e tem inveja da situação de Tony

Darryl- ex-escuteiro, costumava caçar com o pai, esquisitão, mas habilidoso.

Tony- inteligente, pouco estudioso, gado, MUITO arrogante, provocador, irrita-se facilmente e namora com a Stacy

Stacy- namorada do Tony, muito descontraida e desaprova de alguns dos atos do namorado

Nicole- sacana

Demi-