JF-74 "O Lobisomem "

Nome: ----
Apelido dado: Lobisomem
Idade: ----
Aparência: Tem uma forma e silhueta humana, exceto os seus principais diferenciais. Possui patas anormalmente largas para os de uma pessoa, assemelhando-se mais aos de um animal da espécie canina. Os seus dedos e mãos são extremamente esguios com parte da pele a ser esticada a nível extremo, realçando as saliências e protuberâncias dos seus ossos e as garras nas pontas dos seus dedos. As suas pernas e braços encontram-se revestidos por uma camada de pelo animal escuro. O seu peito e abdominais são bastante visíveis e desenvolvidos, especialmente porque a região em que se encontram está livre de pelos. Ainda assim, esses grossos e farfalhudos pedaços de veludo escuro cobrem toda a sua secção superior na região dos ombros e na cabeça onde se encontra uma cabeça de lobo no lugar da típica cabeça humana.
Altura: 2 metros e 6 centímetros
Regime alimentar:
Contenção: Por efetuar
Vítimas passadas: Ainda por determinar, dada a longa extensão da sua existência e a vasta quantidade de registos históricos por descobrir e analisar
Habilidades: Força, velocidade, agilidade, destreza, locomoção, audição, olfato, tato e visão sobre-humanas. Tem uma aparente inesgotável reserva de energia e sede de sangue.
Fraquezas: A única coisa capaz de apaziguar a fúria incessante do Lobisomem é o desaparecimento da lua que o invoca. Uma vez fora do céu, o Lobisomem estará sujeito à ira do mundo que queimará a sua pele até a derreter e a transformar o seu corpo numa carcaça de osso, vísceras e sangue.
Classe:
Relato:
Quando Therim alcançou a colina a cavalo, fez o animal parar para ver a luta decorrente entre as legiões de cavaleiros de Uther Pendragon e de Paschent.
Com as luvas metálicas da sua armadura a segurar as rédeas, ele imobilizou o elegante equino de cristas negras constrastantes com a sua pele branca como o leite. Assim, através da fresta no seu capacete, ele espiou no combate das tropas ao ar livre da noite. O ar pelo qual voavam flechas comuns dos arqueiros de campo e as flechas compridas dos arqueiros nas torres exclusivas do lado de Camelot. Aquele ar noturno pelo qual eram escutados gritos e barafustos distantes mas tão altos que permaneciam audíveis. Aquele ar de ventania que abalava os soldados em ação. Tanto os pontos de cor azul, portadores da vontade do Rei de Camelot, como os pontos de cor vermelha, representantes da corte de Paschent dos saxões.
Pontos. Exatamente, pontos coloridos. Era isso o que via àquela distância em que se encontrava. Mesmo com uma vista perfeita ao alto para a paisagem plana debaixo de si, todos aqueles soldados, todos aqueles cavaleiros, todos aqueles combatentes de lados diferentes com ideologias e desejos distintos não passavam de pontos. Pontos distantes. Pontos que apenas se distinguiam num elemento: na cor do lado em que se posicionavam.
No fundo, isso era o que mais importava.
O lado da luta em que nos encontramos.
Perrin: "Não ficais aí especado, Therim! Segui-me!"
Disse o seu companheiro a ofegar, ao mesmo tempo que passava de rajante atrás de si num lampejo de corrida frenética em que ele punha o cavalo.
Therim viu-se praticamente obrigado a virar-se. E, assim que o fez, Perrin já ia adiante. Ao fundo, de corpo igualmente armadurado como o seu, com um fino colete vermelho de tecido leve que faltava a Therim, debruçado na crina do animal. Distante. Quase tão distante que parecia um pequeno ponto vermelho. Como os incontáveis soldados que devia estar a ajudar.
Assim sendo, Therim girou a cabeça de regresso à paisagem verde recheada de uma mistura de paletes de dois polos. Bateu o olho naquela vista verde uma última vez. Respirou fundo, absorvendo o espírito da Natureza, a convidar o ar noturno a entrar pela fresta no helmo. Chegou até a fechar os olhos no processo.
O cavaleiro ergueu a cabeça. Permitiu-se entranhar pelo espírito inerente à relva em que os cascos do cavalo repousavam. Intrínseco à terra debaixo dessa relva, a terra que suportava aquela colina e a planície verde em baixo. A planície do combate que era manchada aos poucos pelo sangue profano dos combatentes, manchando as flores que certamente lá se encontrariam, os grupos de folhas e árvores que lá descansavam, afugentando a fauna que lá iria para se alimentar.
Tudo porque a Humanidade ousou pisar naquele terreno e usá-lo para fazer os seus conflitos admitidamente supérfluos.
A olhar para o alto, Therim levantou as pálpebras. Deparou-se com o céu acima de si. As nuvens a cobri-lo. Camada espessa, negra, incerta. Uma interrogação viva e mutável como ondas de um oceano a revelar a sua verdadeira pessoa. A pender para dois lados, a demonstrar a possibilidade de ser um dos dois, mas recusando-se a fazê-lo. Pelo menos por agora. Por agora, deixará tudo e todos a indagar, a perguntarem-se: que tipo de noite será esta?
E quem irá ganhar?
Por muito contraditório que pareça, em meado a esta questão, Therim jogou pelo seguro e sussurrou para si mesmo:
Therim: "Que o Ciclo da Natureza conceda a entrada no território da Mãe. Que nos aceitais no seu piso sagrado, assim como será sempre bem-vindo no nosso solo sujo. Continuai assim na terra e no Ciclo."
Ele baixou a cabeça e mirou-a na descida pela qual o seu companheiro seguiu. Tomou as rédeas firmemente de novo e só quando pôs o cavalo em movimento é que completou em voz baixa:
Therim: "Agradecido."
Em questão de três rápidas sucessões de piscares de olhos, levou o seu cavalo da pura inércia à corrida com um mero chicotear das rédeas.
Therim seguiu em cima do cavalo a saborear a alta velocidade que conseguiram alcançar em pouco tempo. Grande fruto das pernas musculadas e as pisadas firmes do cavalo, executadas na perfeição com todo o rigor e eficiência com que fora educado nos estábulos saxónicos. Nos seus passos rápidos que transitavam de um pé para o outro, de aterragem de uma pata seguida de outra com um espaço de intervalo muito curto entre cada um dos passos. Em si, a forma como pisava poderia parecer insignificante, um simples detalhe. E era. Contudo, quando aplicado a mais do que uma instância, em sucessões contínuas, repetitivas, fazia toda a diferença.
Levava a um ritmo que até os melhores cavalos de Britannia desejavam.
O cavaleiro deixou que chapadas de vento o atingissem em ondas e ondas. Que a brisa contra a qual ia cortasse na sua armadura e lá ficasse sem sequer arranhar a camada que se encontrava debaixo dela. Mesmo assim, seria mentira dizer que a aragem não o abalava. Portanto, inclinou-se para a frente no cavalo, parcialmente imitando Perrin, parcialmente zelando pela sua segurança e prevenção de possíveis infortúnios.
E a Natureza devia estar a pregar-lhe uma partida das boas, pois logo assim que começou a adotar a postura de Perrin, o seu cavalo alcançou o do cavaleiro adornado do tecido azul. Os dois animais encontraram-se, ficaram lado a lado um do outro, mesmo que o cavalo de Perrin tivesse tido a vantagem e já estivesse numa velocidade superior devido ao facto de se encontrar num estado de corrida há mais tempo. Ainda assim, o cavalo de Therim estar a sequer conseguir acompanhar o cavalo de Perrin num intervalo de tempo tão curto, é muito impressionante por si só.
Perrin: "Ventos e relâmpagos me tomem, Therim. A tua sorte é teres um bom equino a ajudar-te a manter o ritmo."
Disse-lhe em gritos abafados pelo capacete e entrecortados em partes pelas rajadas de vento que chocavam contra os cavalos e os cavaleiros que os montavam.
Therim não conseguiu ouvir a fala do seu colega na totalidade. Porém, conseguiu ouvir e compreender o essencial. Para além disso, não queria pedir ao seu companheiro que repetisse, especialmente dada a situação turbulenta e urgente em que estavam. Em parte devido ao atraso que provocou com as suas rezas e contemplações. Algo que, aliado à sua vontade de evitar o surgimento de momentos constrangedores, o levou a responder de volta, apesar de saber que a hipótese de Perrin poder vir a ter o mesmo problema que ele teve a escutá-lo pudesse vir a aparecer:
Therim: "Estou a ver que duvidas da minha pontualidade, Perrin."
Disse, abafado pelo helmo, sucintamente, com aquele receio inicial de não ser compreendido ou ouvido perfeitamente. Por muito que esse possa ter sido realmente o caso, parece que Perrin também não estava para armar mal-entendidos ali e agora. Nisso, estavam em sintonia, como marcado com a resposta leve dada da parte do cavaleiro embelezado pelo vermelho do manto a cobri-lo à frente e atrás, aquele que esvoaçava para trás como uma pequena capa:
Perrin: "Seria um prazer acreditar nessas palavras. É infeliz que haja uma clara discrepância entre a teoria e a prática neste caso."
Therim: "Culpai as gentes da terra por terem requisitado o meu auxílio hoje. Eles não saberiam que hoje haveria um embate direto entre as nossas tropas e as dos britânicos."
Perrin: "Se assim o diz, também o irei culpar a si, Sir Therim. É que não sei se tomou noção, contudo o senhor encaixa-se no mesmo molde que construiu dos camponeses que andou a prestar serviços."
Afirmou com um tom de troça tão nítido na voz que a distância entre eles, a corrida frenética dos animais e o vento contra o qual iam pouco fizeram para atenuar o seu efeito.
Therim: "Estava apenas a fazer o meu trabalho, Perrin. Estava apenas a ajudar o povo."
Perrin: "O povo que também se encontra presente neste campo de batalha. Ou o que é que acha que são os nossos soldados? Reis, porventura?"
Therim pausou por um bocado. Sentiu os dentes com a língua a confrontar os seus ideais suscitados pelas palavras do homem com o tecido vermelho. Dado tempo suficiente, ele respondeu num volume menor:
Therim: "Porque é o dever de um cavaleiro."
Perrin suspirou, decepcionado por uma resposta pela qual esperava muito e obteve...pouco. Ele disse, a pôr de parte a brincadeira:
Perrin: "Posso ser eu e a minha pobreza de escudeiro a falar, Sir Therim, todavia eu acreditaria que um cavaleiro de renome como o senhor não desperdaria o seu tempo precioso com problemas que, perdoe-me pelo que vou dizer, são...ora, digamos que insignificantes no grande esquema político. Sabe?"
Perante a contestação, Therim nem hesitou em responder de tão convicto que estava dos seus ideiais.
E também de tanto lhe terem falado a respeito:
Therim: "Acontece que esse é o dever de um cavaleiro. Não se trata somente de organizar e realizar invasões, é sobre resolver problemas, quer sejam quotidianos ou de grande escala."
É isto o que costuma retorquir. Normalmente ficaria por aqui. Se bem que, só por Perrin já ser um conhecido de longa data, ele rematou com uma última afirmação:
Therim: "E é verdade que tratar de assuntos assentes nos limites da propriedade privada não constitui uma resolução das mais interessantes, contudo considero que é o facto de os estar a resolver e de os estar a conciliar com estas batalhas que me faz estar onde eu estou e tu onde estás."
Perrin soltou umas gargalhadas miúdas abafadas pelo capacete.
Therim: "E olha que treinámos e formámo-nos ao mesmo tempo, portanto não sei como é que a Natureza conseguiu fornecer esta tamanha volta ao destino."
E os risinhos de Perrin transformaram-se em gargalhadas audíveis e cheias.
Apesar de ter espremido uma piada de onde não havia, até Therim deu por si a esboçar um sorriso egoísta, como de quem se apercebe o quão engraçado foi o que disse.
Perrin: "Raios e trovões, Therim, és e sempre foste um energúmeno. Mas um energúmeno decente, para que conste. Daqueles do melhor que o mundo tem a oferecer."
Comentou, entre o seu riso incessante.
Perrin: "Já eras na época do campo de formação de cavaleiros e continuas a sê-lo."
Therim: "Pode-se dizer que sou o melhor que a nossa União tem a oferecer, quer dentro ou fora de campo."
Perrin: "Claro."
Disse, com a piada a dissipar-se, continuando:
Perrin: "E vós sabeis que eu nunca recusaria vê-lo em ação."
Therim alargou o sorriso, entrando na brincadeira:
Therim: "Por mim, tudo bem. Certificai-te é que o brilho nos seus olhos não derreta o capacete e me cegue no meio do combate."
