JF-62 " Louva-deus "

17-09-2023
  • Nome: Andrea Graham
  • Apelido dado: Louva-Deus
  • Idade: 25 anos
  • Aparência:
  • Altura: 3 metros
  • Regime alimentar: carnívoro 
  • Contenção: sim
  • Vítimas passadas: -------
  • Habilidades: --------
  • Fraquezas: -------- 

Relato: Era mais uma noite aparentemente comum, mas para Andrea havia algo de especial no ar. Ela estava no banheiro de seu pequeno apartamento, de frente para o espelho iluminado por uma luz amarelada, finalizando a maquiagem com mãos firmes, porém ligeiramente ansiosas. O batom vermelho realçava o contorno dos lábios, e seus olhos, destacados pela sombra delicada e pelo delineado preciso, refletiam tanto a beleza quanto a insegurança que vinham com aquele momento. Andrea tinha 25 anos, e embora fosse atraente e independente, já fazia mais de três anos que não se permitia a experiência de se envolver com um homem. Por escolha, mas também por medo de se decepcionar novamente. Naquela noite, porém, algo parecia diferente. Ela iria se encontrar com Dave, um homem de 30 anos que conheceu por meio de um aplicativo de relacionamentos. As conversas que tiveram nas últimas semanas tinham sido leves, cheias de risadas inesperadas, e Andrea sentia uma familiaridade estranha , quase reconfortante, como se falasse com alguém que já conhecia há muito tempo. Enquanto passava a última camada de rímel, observou-se mais uma vez no espelho. Ajeitou os cabelos soltos, deu um leve suspiro e ensaiou um sorriso tímido, como se testasse nele a coragem para a noite. O coração batia mais rápido do que gostaria de admitir, uma mistura de expectativa e receio. No silêncio do apartamento, o clique dos saltos ao tocar no chão frio ecoava como uma contagem regressiva para algo que poderia mudar sua rotina, ou simplesmente terminar em mais uma história sem importância. Andrea pegou o celular sobre a pia e a tela iluminou o banheiro, revelando as horas: 21h26. Seu coração deu um pequeno salto. Dave passaria para buscá-la às 21h30, faltavam apenas quatro minutos. Ela respirou fundo, sentindo a mistura de ansiedade e expectativa, e apressou-se diante do espelho, ajustando os últimos detalhes da maquiagem com mãos ligeiramente trêmulas. Andrea terminou de ajeitar o cabelo, passou a mão pelo vestido para alisar os vincos e deu um último olhar ao espelho. Estava pronta. Deslizou o dedo no interruptor e o banheiro mergulhou na penumbra, ficando para trás enquanto ela seguia pelo corredor iluminado apenas pelas lâmpadas mornas da sala. Na sala de estar, o som abafado de risadas e vozes eletrônicas escapava do celular de Josh, seu irmão mais novo. O garoto de 16 anos estava largado no sofá, pernas esticadas sobre as almofadas, a cara iluminada pela tela do aparelho. Usava uma camiseta larga e parecia alheio ao mundo, com fones mal encaixados e um sorriso breve a cada piada dos vídeos. Andrea parou por um instante, observando-o. 

Andrea: Ei....

Andrea tentava falar com Josh mas o garoto nem se mexeu. Estava completamente absorvido pelo celular, os fones mal encaixados soltando um som metálico de vozes e músicas que abafavam qualquer palavra dela. Andrea se aproximou um pouco mais e falou de novo, desta vez levantando um pouco a voz. 

Andrea: Josh..... 

O garoto não ouvia e apenas continuava assistindo ao vídeo, os olhos fixos na tela como se estivesse preso a ela. Andrea caminhou até o sofá, cada passo ecoando no chão frio, enquanto o som metálico dos fones escapava em estalos, vozes rápidas e músicas distorcidas que se misturavam ao silêncio da sala. Ela se inclinou e puxou os fones de sua orelha. Josh levou um susto, o corpo se ergueu de repente, os olhos arregalados como se tivesse despertado de um sonho profundo. Respirou fundo, a expressão confusa por alguns segundos, até perceber a irmã parada diante dele.  

Josh: Ei.... eu estava assistindo a um vídeo. o que você quer? ( Diz meio irritado ) 

Andrea: Vim te só avisar que eu estou indo. Deixei um prato com comida no micro-ondas. 

Josh: Tá legal.... eu não quero saber. Eu sua comida é péssima, eu vou comer apenas cereais. 

 Andrea: Moleque ingrato. Para a próxima vez eu não faço nada. 

Josh: Não..... querooo.... saber. Podes me devolver os fones? Eu estava a ver uma coisa.   

Andrea aproximou-se do sofá em silêncio. Segurava os fones na mão e, sem dizer nada, soltou-os de repente contra o rosto do irmão. O plástico bateu seco na pele, fazendo Josh piscar irritado. O moleque apenas pega os fones e volta a assistir ao vídeo. Andrea caminhou até a porta e sentiu o celular vibrar na bolsa. Ela pegou o aparelho e viu o nome de Dave piscando na tela. O coração acelerou levemente com a ligação. Andrea atende a chamada e.... 

Andrea: Alô Dave...... 

Dave: Alô princesa.... eu já cheguei. Estou estacionado mesmo ao lado do teu prédio. 

Andrea: Ah... ok eu já estou a descer. 

Dave: Se precisares de mais tempo eu não me importo de esperar um pouco. 

Andrea: Não... não eu já estou pronta. 

Dave: Perfeito..... até já. 

Andrea: Até já. 

( Desligam o celular )

Andrea estendeu a mão sobre a mesa da cozinha e pegou as chaves do apartamento, sentindo o frio metálico do metal contra os dedos. Com passos firmes, atravessou o corredor até a porta de saída. Cada passo parecia marcar a contagem regressiva para o encontro com Dave. Ao chegar à porta, segurou a maçaneta por um instante, respirou fundo e girou-a lentamente. Antes de atravessar o batente, voltou o olhar para a sala. Josh ainda estava no sofá, absorto no celular, os fones encaixados de novo, os olhos fixos na tela. Andrea observou-o por alguns segundos, antes de se aventurar no mundo lá fora. Com um leve aceno quase imperceptível, deixou o apartamento, fechando a porta atrás de si e sentindo o clique da chave ecoar brevemente no corredor silencioso. Andrea desceu os degraus do prédio até chegar à porta de saída. Segurou a maçaneta e abriu a porta de uma vez só, revelando a calçada iluminada pelos postes e o ar fresco da noite. Um fio solto de cabelo se moveu com a brisa enquanto ela se preparava para sair. Andrea saiu, fechando a porta atrás de si. À sua frente estava o carro de Dave, estacionado sob a luz amarelada de um poste. A iluminação destacava o veículo no meio da calçada silenciosa, refletindo levemente nos vidros e na lataria. Andrea caminhou até o carro de Dave, sentindo as mãos levemente suadas e o coração bater um pouco mais rápido. Os passos eram lentos e cuidadosos, quase envergonhados, enquanto ela se aproximava do veículo estacionado sob a luz do poste. Cada movimento parecia medido, como se tentasse controlar a própria ansiedade antes do encontro. Dave estava sentado ao volante, olhando distraidamente para frente, quando virou o rosto para o lado. Seus olhos encontraram Andrea se aproximando sob a luz do poste. Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto, e sem hesitar, estendeu a mão para destrancar a porta do passageiro. O clique seco da trava ecoou dentro do carro, quebrando o silêncio da noite. Andrea chegou perto do carro, segurou a maçaneta e abriu a porta. Um leve rangido metálico acompanhou o movimento. Ela inclinou-se com cuidado e entrou no banco do passageiro, sentindo o estofado frio sob a pele enquanto puxava a porta de volta, fechando-a com um baque seco que abafou os sons da rua. 

Andrea: Olá Dave..... ( Diz com um sorriso na cara. )  

(Os dois dão um leve abraço) 

Dave: Olá Andrea.... você está linda. 

Andrea: Você também está incrível.  

Dave: Hehehe.... com fome? 

Andrea: Muita hehehe. 

Dave: Então não vou perder mais tempo. 

Andrea: Nem pares nos sinais vermelhos... hehehe. 

Dave: Claro que não.  

Dave girou a chave na ignição. O motor respondeu com um ronco suave, preenchendo o silêncio dentro do carro. Ele ajustou a marcha com calma, soltou o freio de mão e girou o volante. As rodas roçaram levemente contra o asfalto, e o carro avançou, deixando para trás o poste que ainda iluminava o lugar onde estava estacionado. A cada metro percorrido, a rua parecia se distanciar do apartamento de Andrea, levando junto o peso da rotina e abrindo espaço para a noite que começava.  

Dave: Finalmente cara a cara, depois de tantas conversas. 

(Andrea retribuiu o sorriso, ajeitando-se no banco.) 

Andrea: Pois é… engraçado como parece que a gente já se conhece há séculos. 

Dave: Eu também sinto isso. ( Respondeu ele, relaxando no volante ) 

 (Andrea riu baixinho.)  

Andrea: Então... já comeste várias vezes nesse restaurante? 

Dave: Por acaso não.... foi apenas uma recomendação de um velho amigo. 

Andrea: Então vai ser uma surpresa para os dois. 

Dave: Sem dúvida. 

Andrea: Só espero que eles sirvam boa comida. 

Dave: O meu amigo não costuma falhar nas suas recomendações. 

Andrea: Vou confiar em ti. 

Dave: Qualquer coisa eu também posso fazer umas sanduiches. 

Andrea: As tuas famosas sanduiches? 

Dave: Ainda te lembras? 

Andrea: Foi logo das primeiras conversas que tivemos. 

Dave: Exatamente.... isso foi a quanto tempo? 

Andrea: Umas três semanas? 

Dave: Por aí. 

Andrea: O que foi...? Eu tenho uma memória boa. 

Dave: Dá para ver.  

Andrea: E nessas três semanas já deu pra falar de tudo. 

Dave: Eu ia dizer a mesma coisa. É estranho como foi fácil confiar em ti.  

Dave: Bom, sem dúvida. 

Andrea: E agora aqui estamos, a caminho de um restaurante que nenhum de nós conhece. Parece até cena de filme.  

Dave: Só espero que não seja um filme de terror.  

Andrea: Se for, pelo menos eu não corro sozinha.  

Dave: Combinado.  

O carro seguiu pela avenida, e a conversa fluiu com a mesma naturalidade que os tinha aproximado desde o início. O carro de Dave entrou no estacionamento iluminado por luzes baixas, refletindo o brilho dourado contra a lataria. O lugar parecia bem cuidado, com vagas organizadas e jardineiras discretas marcando os espaços. Mais adiante, através das grandes janelas envidraçadas, via-se o interior do restaurante: mesas cobertas por toalhas brancas, luz suave das luminárias suspensas e um ambiente que misturava sofisticação e aconchego. Dave estacionou com calma, desligando o motor. Olhou rapidamente para Andrea, como quem mede a reação dela. Ela abriu um sorriso leve, ajeitando a barra do vestido vermelho antes de soltar o cinto.

Andrea: Parece promissor.

Dave: Promissor e caro, provavelmente.

Eles riram juntos, quebrando qualquer traço de formalidade. Dave saiu primeiro, dando a volta para abrir a porta do passageiro. Andrea aceitou o gesto sem hesitar, levantando-se com graça, os saltos ecoando suavemente no chão liso do estacionamento. O caminho até a entrada foi curto, ladeado por pequenas luzes embutidas no chão que iluminavam discretamente. Ao chegarem diante das portas de vidro, um funcionário de uniforme impecável já os aguardava, abrindo com um gesto cordial. O aroma de especiarias, vinho e pratos bem preparados veio imediatamente ao encontro deles. O salão era amplo, decorado em tons de creme e dourado, com música instrumental suave ao fundo. Conversas baixas e risadas discretas preenchiam o ambiente, sem jamais se sobrepor ao clima sofisticado. Dave olhou para Andrea de lado, com um sorriso tranquilo.

Dave: Bem-vinda ao nosso primeiro jantar de verdade.

Ela apenas assentiu, absorvendo o ambiente e sentindo o coração bater um pouco mais rápido. Um maître de expressão serena se aproximou imediatamente, cumprimentando-os com formalidade e pedindo os nomes para a reserva. Dave respondeu, e em poucos instantes eles foram conduzidos pelo salão. As mesas estavam dispostas com espaçamento generoso, garantindo privacidade. No caminho, Andrea não pôde deixar de reparar nos arranjos delicados de flores claras, nas velas altas que iluminavam algumas mesas e no serviço impecável dos garçons que se moviam quase em silêncio. Chegaram a uma mesa próxima a uma ampla janela, de onde se podia ver parte da cidade iluminada. O maître puxou a cadeira para Andrea, que se sentou com cuidado, ajeitando o vestido. Dave acomodou-se em frente, apoiando os braços na mesa coberta por toalha branca de tecido grosso e bem passado. Sobre a mesa, duas taças de cristal reluziam sob a luz dourada do lustre. O cardápio foi entregue, pesado, com capa em couro preto. Andrea abriu-o devagar, os olhos percorrendo as páginas cheias de nomes refinados, muitos em francês. Dave observou o semblante dela e riu baixinho.

Dave: Parece que vamos precisar de tradução aqui.

Andrea levantou os olhos, devolvendo o sorriso. 

Andrea: Só espero não pedir nada vivo. 

O garçom aproximou-se em silêncio, postura impecável, e inclinou-se levemente para anotar os pedidos. Dave fechou o cardápio primeiro, confiante.

Dave: Para mim... o filé ao molho de vinho tinto, mal passado. E, por favor, uma taça de tinto para acompanhar.

O garçom assentiu, virando-se para Andrea. Ela ainda percorria as linhas do cardápio, mas logo fechou-o também, respirando fundo como quem se decidira.

Andrea: Eu vou querer o risoto de camarão... e, para beber, uma taça de vinho branco.

O garçom confirmou os pedidos com um leve aceno, recolheu os cardápios e se afastou discretamente. Andrea apoiou os cotovelos de leve na mesa, olhando para Dave com um sorriso pequeno.

Andrea: Acho que escolhemos bem.

Dave: Sem dúvida... carne e frutos do mar, equilíbrio perfeito.

Andrea: Só espero que o vinho branco combine com o meu prato...

Dave: Vai combinar. E se não combinar, a gente finge que está ótimo.

Andrea riu baixinho, deixando o peso da formalidade se dissolver ainda mais. As velas próximas lançavam reflexos quentes em seu rosto, e Dave a observava com a sensação de que o jantar seria menos sobre a comida e mais sobre aquele momento a dois. 

Andrea: Dave.... 

Dave: Sim...? 

Andrea: Eu quero te agradecer..... 

Dave: Como assim? 

Andrea: Sabes... por me trazeres num sitio destes..... Eu já te tinha contado que os meus pais estão meio que se cagando para mim e para o meu irmão. Desde quando eles se mudaram para a Europa, quase todo o meu dinheiro tem sido investido no meu irmão. 

Dave: Não tem problema.... fica sabendo que eu apenas te quero fazer feliz. 

Os olhos de Andrea brilhavam ao ouvir aquela palavras e ficava cada vez mais apaixonada por Dave. 

Andrea: Muito...muito obrigado Dave. 

Dave:..... 

Dave manteve os olhos fixos nela, um sorriso discreto surgindo no canto da boca. Andrea baixou o olhar por um instante, como se quisesse esconder a emoção que crescia dentro dela. A chama da vela tremulava suavemente, refletindo-se nas taças de cristal, e Dave, percebendo o silêncio, completou. O garçom aproximou-se então com a garrafa de vinho, quebrando aquele momento. Serviu primeiro a taça de Andrea, depois a de Dave, recuando em silêncio após um gesto respeitoso.  Dave ergueu a taça, mantendo o olhar preso no dela.  

Dave: Um brinde... ao começo de algo bom.  

Andrea tocou a taça na dele com suavidade, o som cristalino ecoando pelo ar.  

 

Andrea: Ao começo de algo bom.  

Eles beberam, e a tensão leve que ainda restava desapareceu por completo, substituída pela certeza de que aquela noite ficaria gravada na memória de ambos. Enquanto eles brindavam e tomavam o primeiro gole, Andrea notou algo estranho, um fio de sangue escorria pelo nariz de Dave, caindo lentamente até a borda da taça. Dave franziu levemente o cenho, surpreso, e rapidamente colocou a taça de lado. Sem dizer nada ele se levantou e se dirigiu ao banheiro passando a mão sobre o nariz de forma instintiva. Andrea ficou por alguns segundos imóvel, observando-o desaparecer pelo corredor, um misto de preocupação e confusão tomando seu rosto. Andrea respirou fundo, tentando não se deixar levar pelo susto, e ajustou a postura na cadeira, aguardando que Dave retornasse do banheiro. Andrea ficou sentada à mesa, os dedos entrelaçados sobre o colo, olhando para a porta da casa de banho por onde Dave desaparecera. O salão elegante continuava com o mesmo movimento discreto de garçons e clientes, mas para ela parecia tudo mais distante, quase silencioso. O vinho na taça agora parecia pesado, e o aroma da comida sofisticada não conseguia preencher o espaço da preocupação que crescia em seu peito. Cada som do salão a fazia virar o olhar para a porta, esperando que Dave retornasse a qualquer instante. Ela respirou fundo, tentando se acalmar, mas uma sensação estranha percorreu sua espinha, um frio sutil que contrastava com a atmosfera confortável do restaurante. O tempo se arrastava enquanto ela esperava, cada instante aumentando o suspense silencioso que pairava entre ela, o salão e a porta da casa de banho. O garçom aproximou-se da mesa com passos silenciosos, mantendo a postura impecável. Nas mãos, os pratos recém-preparados, o filé ao molho de vinho para Dave e o risoto de camarão para Andrea, cada um decorado com cuidado, refletindo o cuidado e a sofisticação do restaurante. Ele colocou primeiro o prato de Dave à sua frente, deslizando a travessa suavemente sobre a toalha branca, depois posicionou o risoto de Andrea no centro do seu lugar. O garçom deu um leve aceno, indicando que estava à disposição para qualquer pedido adicional, e se afastou sem perturbar o momento, deixando a mesa só com os dois, os pratos e o silêncio que voltava a tomar conta. Alguns minutos se passaram e Andrea manteve o olhar na porta da casa de banho, os dedos entrelaçados sobre o colo, tentando se distrair com o aroma da comida recém-servida. De repente, a porta se abriu suavemente e Dave apareceu, ajeitando a camisa discretamente como se nada tivesse acontecido. Seu rosto estava calmo, o sorriso leve, mas Andrea notou que ele tocava o nariz de vez em quando, de forma quase inconsciente. 

Dave: Desculpa a demora. ( disse ele, voltando a sentar-se ) 

Andrea: Estás bem? 

Dave: Sim...sim é só um probleminha que eu tenho de vez em quando. Nada com que se preocupar. 

Andrea: Ufa... ainda bem. 

Ele pousou as mãos sobre a mesa, encarando os pratos à sua frente com naturalidade, como se o incidente nunca tivesse acontecido. Andrea respirou fundo, tentando retomar o clima leve do jantar, enquanto o garçom se movia discretamente entre as mesas próximas, mantendo o ambiente elegante e sofisticado.   Dave pegou o garfo, cortando um pedaço do filé ao molho de vinho, e levou à boca com cuidado. Andrea observou por um instante, depois pegou a colher e provou o risoto de camarão. 

Andrea: Humm… está delicioso. 

Dave: Concordo.... ( disse Dave, olhando para o prato antes de soltar uma risada suave. ) O Philippe realmente não erra nas recomendações.

Andrea: Quem é Philippe? 

Dave: É aquele meu amigo que me recomendou este restaurante. 

Andrea riu, sentindo o peso da tensão desaparecer aos poucos. O som dos talheres contra os pratos, o aroma da comida e o brilho quente das velas voltaram a preencher a mesa com uma rotina tranquila. Eles continuaram a comer, conversando sobre pequenos detalhes do dia a dia, séries que assistiam e músicas que gostavam. O ambiente elegante do restaurante, as luzes suaves e o murmúrio distante das outras mesas criavam uma sensação confortável, quase como se aquela noite fosse só deles. O vinho fluiu nas taças, os risos tornaram-se mais naturais, e Andrea sentiu que, finalmente, o jantar seguia seu curso como qualquer encontro especial, sem lembranças do susto inicial. Andrea realmente estava feliz e aquele homem na sua frente parecia ser o mais engraçado e elegante de sempre. O tempo foi passando de maneira quase imperceptível. As duas horas haviam fluído como se fossem minutos; risadas leves, olhares trocados e pequenas conversas sobre detalhes banais, mas significativos, haviam preenchido cada instante. Andrea e Dave estavam agora sentados diante de mesas já parcialmente limpas, os pratos vazios cuidadosamente empilhados pelo garçom, enquanto as taças de vinho, ainda com um fio do líquido avermelhado e dourado, refletiam a luz suave das velas, criando pequenos pontos de brilho que tremeluziam a cada movimento da chama. O silêncio que caiu sobre eles, no entanto, não era desconfortável. Pelo contrário, era um silêncio cúmplice, daqueles que só surgem entre pessoas que se sentem à vontade uma com a outra. Andrea apoiava o queixo na mão, olhando para Dave com um sorriso pequeno, quase tímido, enquanto ele ajeitava a postura na cadeira, os dedos entrelaçados sobre a mesa, pensativo. Havia algo no ar que ia além da refeição, uma sensação de proximidade, como se aquele jantar tivesse aberto uma porta para algo mais profundo, ainda não dito. Então, o garçom se aproximou novamente. Cada passo seu sobre o piso de madeira polida ecoava levemente, misturando-se ao murmúrio distante das outras mesas. Ele carregava a conta com gesto cuidadoso, inclinando-se ligeiramente para depositá-la sobre a toalha branca entre Andrea e Dave. O som do papel sendo colocado sobre a mesa soou alto naquele momento de silêncio.  

Garçom: Boa noite. Aqui está a conta. Quando estiverem prontos, posso levá-la para o caixa.

Andrea lançou um olhar para Dave, os olhos brilhando à luz das velas, misturando uma ponta de timidez e curiosidade. Dave sorriu levemente, pegando o papel e deslizando os dedos sobre a capa, sentindo a textura suave do couro e o peso da formalidade contida naquele pequeno envelope. Dave vê o valor de 260 dólares. O mesmo já sabia que a refeição seria cara então ele havia vindo preparado. Ele pega a sua carteira e tira duas notas de 100, uma de 50 e uma de 10. Em seguida ele levantou-se e foi até a caixa junto com o Garçom. Dave entregou o dinheiro com um gesto firme, ainda mantendo os olhos discretamente atentos à Andrea, como se quisesse garantir que ela continuasse confortável. O garçom aceitou o pagamento com profissionalismo, contando as notas com cuidado. Ao terminar, Dave fez um leve aceno de cabeça para Andrea, indicando que tudo estava resolvido, e voltou com passos calmos para a mesa. Cada movimento transmitia segurança e um toque de cortesia que Andrea não deixou de notar. O jantar havia chegado ao fim, mas a noite ainda parecia envolver Andrea e Dave em uma atmosfera quase mágica.

Dave: Vamos? 

Andrea sorriu, aceitando a mão dele, sentindo o calor reconfortante do toque enquanto se erguia. Cada passo até a porta do restaurante era acompanhado de olhares discretos e sorrisos silenciosos, como se apenas os dois existissem naquele momento. O garçom os observava por cima do ombro, com a postura impecável, pronto para qualquer necessidade, mas respeitando o silêncio elegante que se formava ao redor. Ao empurrarem as portas de vidro para fora, a brisa fresca da noite os recebeu. Um contraste agradável com o ambiente aquecido do restaurante, trazendo o aroma leve da cidade e um toque de vento que bagunçava delicadamente os cabelos de Andrea. Ela segurou a mão dele por um instante, rindo baixinho quando um fio de cabelo lhe caiu sobre o rosto. O caminho até o carro era curto, mas a iluminação suave do estacionamento criava pequenas sombras, dando à cena um ar de intimidade e sigilo. As luzes embutidas no chão destacavam o caminho, refletindo levemente nos sapatos de Andrea e no vestido vermelho que se movia suavemente a cada passo. Dave abriu a porta do carro para Andrea, que inclinou-se com cuidado para entrar. O estofado frio a recebeu, mas ela logo se acomodou, ajeitando o cinto e respirando fundo, sentindo a segurança e o calor do carro misturados à excitação de estar ali com ele. Dave fechou a porta com um leve baque, depois contornou o veículo para entrar no banco do motorista. O motor respondeu com um ronco suave ao girar a chave, preenchendo o espaço com um som firme, mas não invasivo. Andrea olhou pela janela, vendo a luz amarelada do poste refletida na lataria do carro, enquanto Dave ajustava o retrovisor e colocava a mão sobre a alavanca da marcha. Eles trocaram olhares, cúmplices, e o carro avançou lentamente pelo estacionamento, deixando para trás o brilho dourado do restaurante. Andrea apoiou a cabeça levemente no encosto, observando Dave concentrado na direção, e sentiu a noite envolvê-los em uma espécie de bolha temporária, onde apenas eles existiam. A cidade seguia seu ritmo, mas ali dentro, entre olhares, sorrisos e risadas baixas, o mundo parecia reduzir-se ao espaço entre o volante e o banco do passageiro, cheio de promessas silenciosas e da expectativa do que ainda estava por vir. Mas então ela viu, mais sangue escorria do nariz de Dave e desta vez muito mais que antes, chegando até a pingar um pouco a própria roupa dele. Dave também estava com uma expressão diferente, ele estava de boca fechada mas dava para perceber que ele estava a ranger os dentes e suas mãos tremiam levemente.

Andrea: Dave.... estás bem? 

Dave que parecia estar num transe estranho voltava a ter uma expressão normal ao ouvir as palavras de Andrea e ao olhar para a sua roupa ele percebia que estava novamente a sangrar do nariz. As suas mãos por outro não haviam parado de tremer. 

Dave: Aí... que merda.... desculpa Andrea.... eu tenho um problema desde criança. O meu nariz começa a sangrar do nada.... eu já foi ao hospital mas os médicos não encontraram nada de anormal. 

Andrea: Pregaste-me um susto.... 

Dave: Peço desculpa.... de verdade.

Andrea: Parecia que sei lá..... tinhas adormecido de olhos abertos. 

Dave: Não te preocupes, eu estou super bem. 

Andrea: ( suspira de alivio ).... Porque que nunca me tinhas dito que tinhas isso. 

Dave: Não sei se dizer para uma donzela que ,sangro do nariz de vez enquanto , é uma coisa muito agradável. 

 Andrea: Eu não me ia importar.... o que realmente importa é o teu caráter....  

Dave:..... peço desculpa... eu devia ter dito mais sedo. 

Andrea: Não precisas de ter vergonha ao meu lado.... 

O carro deslizou suavemente pelas ruas tranquilas até parar diante do prédio de Andrea. Seu olhar era suave, envolto em um brilho que misturava gratidão e algo mais profundo, algo que ficava suspenso no ar entre os dois. Com delicadeza, Andrea ergueu a mão e a pousou na bochecha de Dave. O calor da pele dela contrastava com o frescor noturno que ainda pairava no carro. Andrea fecha os olhos e aproxima o seu rosto para perto dos lábios de Dave, mas o mesmo a interrompe. Ele tira a mão de Andrea do seu rosto e diz....... 

Dave: Andrea..... 

Andrea abre os olhos novamente e percebe que Dave não a queria beijar. Ela fica meio confusa e até um pouco desiludida. 

Andrea:.... 

Dave: Peço desculpa Andrea mas..... 

Andrea: Não...não... tens razão.... eu não deveria ter.... 

Dave: A culpa não é tua.... é só que.... 

Andrea:..... 

Mais sangue começava a cai do nariz de Dave. O mesmo apenas tira um lenço do seu bolso e começa a limpar todo o sangue e em seguida diz.... 

Dave: É que.... eu não quero que o nosso primeiro beijo seja no meu carro cheio de sangue. 

Andrea: Eu.... 

Dave: Amanhã.... poderíamos nos encontrar num local muito especial para mim.... e eu juro que vou trazer mais lenços para o meu nariz hehe. 

Andrea: Dave... eu já disse que não precisas de ter vergonha ao meu lado.  

Dave: Não...não.. não é uma questão de ter vergonha. Eu quero que isto dê mesmo certo.... eu quero que tudo que nós façamos seja especial um para o outro. 

Andrea: Dave.... 

Dave: Sim... 

Andrea: Tu és chato. 

Dave: Oque? 

Andrea: Não te precisas esforçar tanto... eu realmente gosto de ti. Para mim isto.... estes momentos que estamos a passar agora... isto já é especial para mim Dave. 

Dave: Eu intendo..... 

Andrea: Mas já que queres tanto surpreender..... eu não vou recusar a surpresa. 

Dave: Não te vais arrepender. 

Dave e Andrea permaneceram em silêncio por alguns segundos, apenas se olhando. O sorriso dele era sereno, com um toque de admiração, enquanto o dela carregava uma ternura radiante, quase como se guardasse segredos que não precisavam ser ditos. Andrea levou a mão até a maçaneta. O clique metálico da trava ecoou suave no interior do carro, quebrando o feitiço do silêncio. Ela abriu a porta, e o ar fresco da noite entrou.  

Andrea: Boa noite, Dave… ( Disse num tom baixo e caloroso)  

Ela deslizou para fora, apoiando um salto no chão iluminado pelas luzes alaranjadas do estacionamento. O som discreto dos saltos contra o asfalto acompanhava o movimento elegante com que fechou a porta atrás de si. Então Andrea endireitou-se, virou-se e começou a caminhar em direção à entrada do prédio, deixando atrás de si um rastro quase invisível de perfume no ar. Dave permaneceu ali, acompanhando-a com os olhos até vê-la subir os poucos degraus da entrada. Apenas quando Andrea desapareceu pela porta do apartamento é que ele respirou fundo e recostou-se no banco. Andrea subia as escadas do prédio com passos leves, quase silenciosos. Os saltos batiam de forma ritmada contra os degraus, mas o som era abafado pelo silêncio noturno que dominava o corredor. Cada andar que passava, ela sentia o coração ainda aquecido pela noite, pelas conversas, pelos sorrisos trocados com Dave. Ao chegar diante da porta do apartamento, Andrea tirou da bolsa uma pequena chave prateada. O clique da fechadura ecoou suave, e ela entrou com cuidado, fechando a porta atrás de si para não acordar o irmão.  A sala ainda estava iluminada, uma luz amarelada permanecia acesa no abajur ao lado do sofá. Sobre ele, uma manta estava jogada de forma descuidada, sinal de que o irmão provavelmente havia assistido televisão antes de ir se deitar. Andrea caminhou devagar até a sala, tirando os sapatos para não fazer barulho. Com um gesto delicado, Andrea apagou a luz do abajur. A sala mergulhou em penumbra, iluminada apenas pela luz prateada da lua que entrava pelas frestas da cortina. Por um momento, ela ficou parada ali, abraçando-se levemente, como se ainda sentisse a presença de Dave no toque que antes tivera no carro. Suspirou fundo e caminhou em direção ao seu quarto. Empurrou a porta devagar, revelando um espaço acolhedor, a cama arrumada, alguns livros sobre a mesinha de cabeceira e uma janela semiaberta que deixava a brisa da noite circular. Andrea deixou a bolsa sobre a cadeira e tirou o casaco com um movimento tranquilo, já se permitindo relaxar. Acendeu o pequeno abajur sobre a mesinha de cabeceira, cuja luz amarelada espalhou um brilho acolhedor pelo ambiente. Dirigiu-se até o espelho da penteadeira, onde sua necessaire de maquiagem já a esperava. Sentou-se no banco estofado e, por alguns instantes, ficou apenas olhando o próprio reflexo. O batom já estava um pouco apagado, e a sombra nos olhos começava a mostrar sinais da longa noite. Ainda assim, havia no rosto dela uma expressão leve, quase sonhadora, que não vinha da maquiagem, mas do calor que carregava no peito. Com movimentos lentos, Andrea pegou um lenço demaquilante e começou a remover o batom, depois a sombra, a base, cada camada que antes moldava sua aparência para a noite especial. O algodão se tingia com cores suaves de rosa e preto, até revelar de novo a pele limpa, fresca, como se estivesse devolvendo o rosto dela ao natural. Ela lavou o rosto com água fria e sorriu para si mesma no espelho, gostando da sensação de leveza. Em seguida, abriu a gaveta do guarda-roupa e pegou um pijama confortável, uma camiseta de algodão clara e um short macio. Ao trocar a roupa elegante do jantar pela simplicidade aconchegante do tecido, Andrea sentiu o corpo finalmente relaxar. O vestido que usara foi cuidadosamente dobrado e deixado sobre a cadeira, junto com os saltos que repousavam no chão ao lado. De volta à penteadeira, ela aplicou um pouco de creme hidratante no rosto e nas mãos, massageando devagar. O gesto era quase ritualístico, uma forma de encerrar o dia com cuidado e carinho por si mesma. Andrea suspirou suavemente, já sentindo o sono se aproximar, e apagou o abajur. O quarto mergulhou em penumbra, iluminado apenas pelo luar que entrava pela janela. Deslizou para dentro da cama, puxou a coberta até os ombros e se acomodou de lado, abraçando o travesseiro. Antes de fechar os olhos, um último pensamento a fez sorrir a lembrança de Dave, do olhar cúmplice que trocaram no carro. Era nesse sorriso silencioso que ela, enfim, se deixou adormecer. A noite avançava em silêncio, e o apartamento mergulhou em um descanso tranquilo. Do lado de fora, a lua foi lentamente cedendo lugar ao brilho suave do amanhecer. O céu escuro ganhou tons de azul claro e dourado, enquanto os primeiros raios de sol se infiltravam pelas frestas da cortina do quarto de Andrea. As luzes da cidade iam se apagando aos poucos, substituídas pelo movimento crescente das ruas que despertavam. O relógio sobre a mesa de cabeceira marcava sete horas quando um feixe de luz tocou delicadamente o rosto de Andrea, ainda adormecida, anunciando que um novo dia havia começado. Os primeiros raios de sol atravessavam as cortinas claras, espalhando uma luz suave pelo quarto. Andrea se mexeu devagar sob os lençóis, virando-se de lado enquanto um suspiro preguiçoso escapava de seus lábios. Por alguns instantes permaneceu assim, ainda presa entre o sono e a vigília, até que abriu lentamente os olhos. A claridade beijava seu rosto, e ela piscou algumas vezes antes de se acostumar com a manhã. O quarto estava silencioso, apenas o leve cantar de pássaros vindo da janela preenchia o ar. Andrea alongou os braços para cima e bocejou, sentindo o corpo ainda pesado, mas confortável, depois da noite anterior. Ela se sentou na beira da cama, os pés descalços tocando o chão frio, e passou uma das mãos pelos cabelos soltos e um pouco bagunçados. Por um instante, ficou apenas olhando o quarto iluminado pelo sol, recordando-se das memórias da noite passada, um leve sorriso se formou em seu rosto, quase sem que percebesse. Com calma, levantou-se e foi em direção à janela. Puxou um pouco a cortina, deixando a luz inundar o quarto por completo, enquanto respirava fundo o ar fresco da manhã. Era o início de um novo dia. Andrea espreguiçou-se mais uma vez, levantando-se da cama com passos lentos. O piso frio fez um arrepio leve subir por suas pernas, mas ela apenas sorriu, ainda sonolenta. Pegou a toalha pendurada na cadeira do quarto e seguiu pelo corredor iluminado pela luz suave da manhã. Ao empurrar a porta do banheiro, foi recebida pelo reflexo no espelho, os cabelos bagunçados e a pele ainda marcada pelo sono. Ela apoiou a toalha dobrada sobre a bancada, abriu o chuveiro e esperou a água aquecer, o som do fluxo enchendo o pequeno ambiente. Com um gesto rápido, retirou a roupa leve de dormir e entrou debaixo do chuveiro. A água morna deslizou sobre sua pele, trazendo uma sensação imediata de conforto e renovação. Andrea fechou os olhos, deixando a água correr pelo rosto e escorrer pelos cabelos, como se lavasse não apenas o corpo, mas também os restos de ansiedade que ainda permaneciam da noite anterior. Pegou o sabonete e espalhou a espuma lentamente pelos braços e ombros, depois ensaboou os cabelos com movimentos suaves. A cada respiração profunda, sentia-se mais desperta, mais leve, como se a manhã realmente tivesse começado naquele instante. Após alguns minutos, enxaguou-se completamente, desligou o chuveiro e estendeu a mão para a toalha. Envolveu o corpo no tecido macio e enxugou os cabelos com cuidado, ainda em silêncio, ouvindo apenas o pingar das últimas gotas no box. Andrea respirou fundo diante do espelho, com o rosto corado pelo vapor, e sorriu discretamente para o reflexo. Enrolada na toalha, Andrea abriu o armário pequeno acima da pia e pegou sua escova de dentes. Colocou uma fina camada de pasta branca nas cerdas e, em seguida, apoiou as mãos na bancada de mármore frio. Ligou a torneira, molhou a escova rapidamente e começou a escovar os dentes com movimentos calmos, olhando-se no espelho. O vapor ainda pairava no ar, embaçando parte do vidro, mas seus olhos brilhavam sob a claridade que entrava pela pequena janela do banheiro. O som repetitivo das cerdas contra os dentes preenchia o ambiente silencioso, acompanhando o ritmo tranquilo da manhã. Ela fez uma pausa, enxaguou a boca com um pouco de água e voltou a escovar, desta vez mais concentrada, limpando com cuidado cada canto. Quando terminou, inclinou-se sobre a pia, enxaguou a boca definitivamente e lavou a escova. Ergueu o rosto para o espelho novamente, limpando com a toalha o vapor que ainda borrava o vidro. Andrea sorriu de leve para o próprio reflexo, como se estivesse pronta para enfrentar o dia. Andrea saiu do banheiro ainda com a toalha enrolada ao corpo, os pés deixando pequenas marcas de umidade no piso frio do corredor. Caminhou até o quarto, abriu a porta e deixou-se envolver pelo cheiro familiar de lençóis limpos e da luz suave que entrava pela janela. Com passos leves, foi até o guarda-roupa. Andrea puxou uma gaveta e retirou uma camiseta cinza justa de tecido leve, depois uma calça legging preta que já usava em caminhadas ocasionais. Sentou-se na beira da cama, soltou a toalha e começou a vestir-se com calma. Primeiro a legging, que deslizou facilmente pelas pernas, ajustando-se à sua forma. Em seguida, a camiseta, que caiu sobre o corpo com conforto, realçando a sensação de liberdade. Levantou-se, caminhou até a cômoda e pegou um par de tênis de corrida já gastos nas pontas, mas ainda firmes. Sentou-se novamente e amarrou os cadarços com movimentos ágeis, dando um nó firme em cada pé. Por fim, puxou um elástico de cabelo da mesinha de cabeceira e prendeu os fios úmidos em um rabo de cavalo prático. Ao terminar, Andrea olhou-se no espelho do guarda-roupa. A expressão no rosto era de leve determinação, como se estivesse pronta para encarar um dia ativo, deixando para trás a tensão da noite passada. Andrea deixou o quarto, já vestida com a roupa esportiva, e caminhou até a cozinha. O silêncio do apartamento só era interrompido pelo som distante da rua que chegava pelas janelas. Na fruteira sobre a bancada, alguns cachos de bananas maduras descansavam sob a luz suave da manhã. Ela pegou uma das frutas, descascou-a rapidamente e deu uma mordida enquanto se apoiava no balcão. O sabor doce e simples trouxe-lhe uma energia imediata, perfeita para a corrida que tinha em mente. Terminou de comer em poucos minutos, jogando a casca no lixo debaixo da pia. Em seguida, voltou à sala e pegou o molho de chaves deixado sobre a mesa da noite anterior. O metal tilintou levemente em sua mão. Andrea respirou fundo, sentindo a leveza de quem começava um novo dia, e caminhou até a porta. Girou a maçaneta, abriu-a e saiu para o corredor iluminado pela manhã. Ao fechar a porta atrás de si, sentiu o ar fresco que vinha das escadas do prédio. Desceu com passos firmes, tênis batendo no chão em ritmo constante. Logo estava na rua, sob a luz dourada do sol nascente. Alongou rapidamente os braços e as pernas, ajeitou o elástico do cabelo e iniciou a corrida, o som cadenciado dos passos ecoando no asfalto ainda silencioso da manhã. As ruas ainda estavam tranquilas naquela manhã de sol suave. Andrea corria em ritmo constante, sentindo o vento fresco bater contra o rosto e os músculos das pernas ganhando força a cada passada. O som ritmado de seus tênis contra o asfalto misturava-se ao bater do coração, firme e acelerado. Ela cruzou duas avenidas pouco movimentadas, cumprimentando de leve alguns transeuntes que também aproveitavam a manhã para caminhar. O cheiro de pão fresco vindo de uma padaria na esquina a fez sorrir por um instante, mas manteve o foco, acelerando levemente o passo. Logo, o cenário urbano começou a ceder espaço ao verde. Árvores altas formavam uma sombra suave sobre a entrada do parque, onde um portão de ferro pintado de verde marcava a passagem para aquele espaço mais tranquilo da cidade. Andrea passou por ele sem hesitar, inspirando fundo o ar mais fresco que vinha dali. As alamedas do parque eram largas, ladeadas por bancos de madeira ainda úmidos de orvalho. O som dos pássaros ecoava entre os galhos, e algumas pessoas já ocupavam o espaço, idosos caminhando devagar, mães empurrando carrinhos de bebê, e outros corredores que, como ela, buscavam energia no início do dia. Andrea seguiu pela trilha principal até que a visão do pequeno lago surgiu diante dela. A água refletia o azul suave do céu, com alguns patos nadando calmamente na superfície. Ao redor, mais bancos se alinhavam, convidando ao descanso, mas ela manteve o ritmo, contornando o lago com passos firmes, sentindo a respiração aquecer o peito e os pensamentos clarearem. Por um momento, deixou-se perder na beleza simples daquela paisagem. O parque parecia um refúgio, um mundo separado da rotina pesada e das lembranças da noite anterior, onde apenas o som da natureza e o bater de seus pés a acompanhavam. Andrea manteve o ritmo constante, o corpo já aquecido pela corrida. O parque ficou para trás e, seguindo pelas ruas vizinhas, ela percorreu quarteirões inteiros durante cerca de meia hora. O ar da manhã estava mais vivo, misturando o cheiro de árvores com o leve aroma de café vindo das padarias que iam abrindo. Ao dobrar uma esquina, passou por uma pequena banca de jornais. Um dos periódicos expostos chamava atenção pela manchete em letras grandes e escuras: "Homem suspeito de ser serial killer mata a própria família em crime brutal." Andrea deixou o olhar passar rapidamente pela capa, sem diminuir o passo. Uma pontada de curiosidade surgiu, mas logo se perdeu diante do foco da corrida. Seguiu adiante, os passos batendo firmes no asfalto. O relógio no pulso marcou os trinta minutos de exercício quando ela alcançou novamente a fachada familiar de seu prédio. O suor escorria levemente por sua testa, e a respiração vinha acelerada, mas seu semblante trazia a satisfação de dever cumprido. Ela subiu os degraus até a entrada, empurrou a porta e desapareceu no interior do edifício, pronta para começar o resto do seu dia. Andrea subiu as escadas ainda ofegante, o suor escorrendo pelas têmporas. Girou a chave e empurrou a porta do apartamento, sentindo o ar fresco e familiar da casa. Ao entrar, percebeu imediatamente a luz da cozinha acesa e o som leve de uma colher batendo contra uma tigela. Josh estava sentado à mesa, de pijama amarrotado, cabelos desgrenhados, com uma caixa de cereais aberta ao lado. Ele enchia a boca com colheradas rápidas, totalmente concentrado na tigela à sua frente. Andrea apoiou as chaves no balcão e respirou fundo, ainda recuperando o fôlego da corrida.

Andrea: Vejo que já acordaste cedo.

Josh levantou os olhos por um instante, sem esconder a boca cheia. 

Josh: Pois é..... 

Andrea: Quer dizer.... não é propriamente cedo.... já são nove.... mas mesmo assim é um bom recorde. 

Josh: Hahaha. ( Lança uma risada sarcástica ). E como foi ontem com o teu namorado? 

Andrea: Ele não é meu namorado. 

Josh: Tanto faz o que ele é... correu bem ou mal? 

Andrea: Correu bem... marcamos de nos encontrar hoje um pouco mais tarde. 

Josh: A que horas? 

Andrea: Ele mandou-me mensagem a dizer que quer se encontrar comigo ao meio dia.  

Josh: Então não vais almoçar aqui? 

Andrea: Nop. 

Josh: Ok mas não cozinhes nada para mim. 

Andrea: A minha comida é muito boa. 

Josh: Dou-te um conselho.... se queres manter esse cara na sua vida... não cozinhes para ele. 

Andrea: Idiota.... 

Josh: Tens que aceitar os factos irmãzinha.... a tua comida é para dar aos porcos. 

Andrea: Que ingrato.... vou te começar a deixar sem comida para tu veres oque que é bom. 

Josh: SIM POR FAVOR. 

Andrea:.... 

Josh:..... 

Andrea: Diz-me uma coisa.... oque que vais fazer hoje? 

Josh: Vou andar de skate com os meus amigos.... porque? 

Andrea: É que se vais sair depois vais ter que esperar que eu volte para abrir a porta do apartamento. 

Josh: Porque? 

Andrea: Não me digas que já te esqueceste que perdeste as tuas chaves. 

Josh: Ah... pois é.... 

Andrea: Eu fico na casa de um dos meus amigos e depois mandas-me mensagem quando voltares. 

Andrea: Sim era isso que eu ia dizer. 

Andrea deixou a garrafa de água sobre o balcão e abriu o armário em busca de pão. Tirou algumas fatias, colocou-as na torradeira e, enquanto o aparelho começava a crepitar, foi até a geladeira. Pegou uma caixa de ovos, manteiga e um pouco de leite. Josh a observava em silêncio entre uma colherada e outra, curioso, mas sem interromper. Ela quebrou os ovos em uma tigela, acrescentou um pouco de leite e começou a bater com um garfo, o som metálico ecoando suave pela cozinha. Logo, aqueceu a frigideira e derreteu a manteiga, espalhando o aroma que se misturou ao cheiro do pão dourando na torradeira. Os ovos mexidos ganharam forma aos poucos, macios e dourados. A torradeira saltou com um clique, e Andrea retirou as fatias de pão, passando uma leve camada de manteiga que derreteu imediatamente na superfície quente. Colocou tudo em um prato, duas torradas crocantes ao lado de uma porção generosa de ovos mexidos. Ela riu sozinha e começou a comer devagar, apreciando o sabor simples, mas reconfortante da refeição. Andrea terminou as últimas mordidas das torradas e limpou os lábios com um guardanapo. Colocou o prato e os talheres na pia, lavando-os rapidamente antes de deixá-los escorrendo no escorredor. Josh já havia desaparecido para o quarto, e a cozinha voltou a ficar em silêncio, iluminada apenas pela luz clara da manhã que entrava pela janela. Ela respirou fundo, sentindo ainda a leve camada de suor da corrida na pele. Caminhou até o banheiro com passos firmes, recolhendo uma toalha limpa pelo caminho. Dentro do banheiro, ligou o chuveiro e esperou apenas alguns segundos até a água atingir a temperatura ideal. Entrou debaixo do fluxo e deixou que a água escorresse pelos cabelos e pelo corpo, levando consigo o suor acumulado. Não era um banho longo, apenas o suficiente para se sentir fresca novamente. Com movimentos rápidos, ensaboou-se e enxaguou logo em seguida, aproveitando o alívio do frescor. Poucos minutos depois, desligou o chuveiro e pegou a toalha, enrolando-a ao redor do corpo. Sentiu-se revigorada. Andrea saiu do banheiro com a toalha ainda presa ao corpo, deixando pegadas discretas no piso até chegar ao quarto. Abriu o guarda-roupa e puxou uma calça de moletom cinza e uma camiseta larga de algodão, optando por algo simples e confortável. Vestiu-se rapidamente, sentindo o tecido suave e leve sobre a pele recém-banhada. Com os cabelos ainda úmidos, ela sentou-se diante da escrivaninha onde seu computador aguardava. Ligou-o, e a tela iluminou o quarto com um brilho azul, contrastando com a luz natural que entrava pela janela. Enquanto o sistema iniciava, Andrea ajeitou alguns papéis empilhados ao lado e abriu uma garrafa de água que havia trazido consigo. Logo, os primeiros programas carregaram, e ela entrou em seus arquivos, revisando relatórios, planilhas e anotações. O clique constante do teclado começou a preencher o ambiente, misturando-se ao zumbido baixo do computador. Andrea apoiou o queixo na mão por um instante, concentrada, e depois voltou a digitar, mergulhando no trabalho que tinha pela frente. As horas passaram sem que Andrea percebesse. Entre relatórios e anotações no computador, ela se levantou algumas vezes para alongar as pernas, foi ao banheiro rapidamente e, em outro momento, preparou uma caneca de café quente, cujo aroma forte espalhou-se pelo quarto e a ajudou a manter o foco. O relógio da tela marcava 11:45 quando o celular vibrou sobre a mesa. Andrea estendeu a mão e desbloqueou a tela, era uma mensagem de Dave. Ele havia enviado a localização do encontro, marcado para as 12:00 em ponto. Um leve frio na barriga percorreu-a, mas um sorriso escapou em seus lábios. Fechou os arquivos no computador, respirou fundo e começou a se preparar para sair. Andrea digitou uma resposta rápida no celular, confirmando com Dave que chegaria a tempo. Guardou o aparelho na bolsa e levantou-se da cadeira, sentindo a adrenalina leve da expectativa começar a crescer. Pegou as chaves sobre a mesa da sala e saiu do apartamento, fechando a porta atrás de si. No corredor iluminado pela manhã, seus passos ecoaram firmes até as escadas. Ao chegar ao térreo, atravessou a entrada principal e caminhou até o estacionamento, onde seu carro aguardava. Entrou, ajustou o cinto de segurança e ligou o motor, que respondeu com um ronco suave. O rádio ligou sozinho, tocando uma música calma, mas Andrea estava focada demais para prestar atenção. Digitou rapidamente o endereço que Dave havia enviado no GPS, e a voz eletrônica confirmou a rota. Enquanto dirigia pelas ruas movimentadas do fim da manhã, o pensamento de revê-lo trouxe-lhe um sorriso involuntário. A cidade passava pelas janelas em flashes, lojas, semáforos, pedestres apressados. Ela manteve o olhar fixo na estrada, acelerando levemente sempre que o trânsito permitia. A poucos minutos do meio-dia, já se aproximava do local indicado. O coração de Andrea batia mais rápido, não só pela pressa de chegar, mas pela expectativa do encontro. O GPS indicava uma região mais rural, afastada do centro da cidade, onde poucas casas pontilhavam a paisagem. Andrea seguiu pela estrada estreita, cercada de ambos os lados por campos verdes que se estendiam até onde a vista alcançava. Alguns arbustos e árvores dispersas quebravam a monotonia dos descampados, e o vento fresco que entrava pelas janelas abertas misturava-se ao aroma de terra e grama verde. A estrada sinuosa contornava pequenas elevações, oferecendo vistas largas da região. Aqui e ali, flores silvestres acrescentavam manchas de cor amarela e roxa sobre o verde intenso, enquanto o som distante de pássaros completava a atmosfera tranquila. Poucos veículos passavam, e o silêncio da paisagem rural tornava cada instante mais perceptível. Andrea apertou levemente o volante, aproveitando a sensação de liberdade enquanto se aproximava do ponto indicado por Dave. Não havia prédios altos, nem trânsito, apenas a natureza ao redor e a estrada que se abria à frente. Um pequeno descampado mais amplo indicava que estava próxima do local combinado, onde poderiam se encontrar com privacidade e calma, cercados apenas pelo cenário bonito e sereno daquele lugar. Andrea conduziu o carro lentamente pela estrada rural, sentindo a brisa fresca entrar pela janela aberta. À frente, o reflexo da lataria de um veículo chamou sua atenção: era o carro de Dave, estacionado cuidadosamente à beira da estrada, parcialmente sombreado por algumas árvores dispersas. Ela reduziu a velocidade, apreciando o cenário tranquilo ao redor, os campos verdes, o vento balançando levemente a grama alta e o canto distante dos pássaros. Com cuidado, Andrea estacionou ao lado do carro dele, alinhando o veículo de forma precisa para não invadir o pequeno descampado próximo. Desligou o motor e ficou alguns segundos imóvel, respirando fundo, sentindo a mistura de expectativa e curiosidade crescer dentro dela. O silêncio da região rural parecia acentuar cada detalhe: o farfalhar das folhas, o som distante da estrada, e a presença tranquila do carro de Dave ali ao lado. Andrea pegou a bolsa, ajeitou os cabelos rapidamente e abriu a porta, dando o primeiro passo fora do carro. O chão sob os pés era firme, coberto por pequenas pedras e terra, e o ar fresco da manhã a envolveu completamente. Olhou ao redor imediatamente, mas não avistou Dave. Por um instante, franziu a testa, imaginando onde ele poderia estar. Foi então que notou algo diferente, uma trilha de terra batida à frente do carro de Dave. A faixa estreita de terra serpenteava pelo descampado verde, entre campos que se estendiam até onde a vista alcançava. Árvores espalhadas aleatoriamente pontuavam o campo, lançando sombras suaves sobre o gramado. Curiosa, Andrea começou a seguir a trilha com passos cautelosos, o som dos próprios tênis contra a terra ecoando levemente no silêncio da região rural. A cada passo, sentia a grama tocar seus tornozelos e o cheiro de terra fresca se intensificar. A paisagem ao redor era ampla e serena, com a luz do sol filtrando-se pelos galhos das poucas árvores e pintando o chão com manchas douradas. Enquanto avançava, Andrea percebeu pequenas flores silvestres nas bordas da trilha e pássaros levantando voo de galho em galho. O silêncio da manhã tornava cada som mais perceptível, o farfalhar das folhas, o bater das próprias mãos contra as coxas, e o ocasional sussurrar do vento pelo campo. Andrea continuou avançando pela trilha de terra batida, o coração batendo um pouco mais rápido a cada passo. O descampado se estendia à sua frente, com o verde intenso dos campos contrastando com o azul suave do céu. Árvores isoladas lançavam sombras irregulares, enquanto pequenas flores pontilhavam o chão com cores delicadas. Conforme se aproximava de uma pequena colina no centro do descampado, Andrea percebeu algo que a fez diminuir o passo. No topo, havia um banco solitário, estrategicamente posicionado para apreciar a vista ampla ao redor. E sobre o banco, alguém estava sentado. O corpo recortado contra a luz da manhã parecia familiar, mas ela precisou piscar algumas vezes para ter certeza. O homem estava virado ligeiramente de lado, olhando para o horizonte, mas Andrea podia distinguir o contorno do rosto e a postura relaxada. Era Dave. O vento soprava levemente, balançando o cabelo dele, e Andrea sentiu uma mistura de alívio e alegria percorrer seu peito. Um sorriso escapou espontaneamente de seus lábios enquanto ela retomava os passos, ansiosa para subir a colina e finalmente encontrá-lo. Andrea começou a subir a colina, o som suave da grama seca se amassando sob seus tênis acompanhava seus passos. À medida que se aproximava, o contorno da figura no banco ficava mais nítido. Dave estava ali, imóvel, trajando um terno preto impecável, como se tivesse acabado de sair de uma reunião importante ou de um evento formal. O contraste entre a formalidade da roupa e o cenário rústico do descampado tornava a cena quase surreal. Ele permanecia sentado, o tronco levemente inclinado para frente, as mãos entrelaçadas apoiadas nos joelhos, o olhar perdido no horizonte aberto. A brisa suave agitava discretamente os fios de cabelo dele, mas em nenhum momento pareceu notar a aproximação de Andrea. Ela parou por um instante a poucos metros de distância, observando-o em silêncio. O coração dela bateu mais forte, não apenas pela caminhada, mas pelo estranhamento da imagem, Dave ali, tão elegante, quase deslocado no meio da paisagem simples e verde que se estendia ao redor. Andrea parou por um instante, observando-o em silêncio, com a sensação de que ele ainda não havia percebido sua presença. O coração dela acelerou, e um leve sorriso surgiu em seus lábios, enquanto se aproximava lentamente, sem querer quebrar o momento solene que parecia envolvê-lo. Andrea terminou de subir a colina, o vento bagunçando levemente os fios de cabelo soltos ao redor de seu rosto. O banco estava a apenas alguns passos, e ela sentia a respiração acelerar mais pelo nervosismo do que pelo esforço da subida. Quando se aproximou, estendeu a mão com delicadeza e tocou o ombro de Dave. O gesto foi suave, quase um aviso de sua presença. Dave se sobressaltou levemente, como se fosse arrancado de um devaneio, e então virou o rosto para ela. Seus olhos se iluminaram com surpresa e um sorriso discreto se formou em seus lábios. Sem dizer nada de imediato, Andrea contornou o banco e sentou-se ao lado dele. A madeira estava fria, mas a proximidade de Dave aquecia o ambiente de forma sutil. Por alguns segundos, os dois ficaram apenas olhando para a paisagem vasta à frente, o campo verde, o lago cintilando ao longe e o céu aberto. 

Andrea: Esse é o local especial que querias-me mostrar? 

Dave: Sim.... eu até me chego a emocionar. 

Andrea: É mesmo muito bonito. Parece uma parte do paraíso. 

Dave: Não.... este local representa o inicio de uma pintura. Uma tela em branco prestes a se transformar em verdadeira arte. 

Andrea: Acho que essa descrição também serve.... hehehe. 

Dave: Este local marca o começo de algo. 

Andrea:.... 

Dave: Eu peço desculpa se não estou a ser muito claro. O que eu quero dizer é que a partir daqui você fara parte da minha vida e eu da sua. 

Andrea aproxima-se mais de Dave, fazendo seu ombro tocar no dele suavemente. 

Andrea: Dave eu- 

Dave: Eu prometo Andrea.... eu prometo que eu farei o meu melhor para que tudo dê certo. Só peço que confies em mim. 

Andrea coloca a sua mão na bochecha de Dave e em seguida fechava os olhos e dizia... 

Andrea: Seu bobo.... não me quiseste beijar ontem... apenas para me mostrares este lugar? 

Dave:.... 

Andrea aproximava-se lentamente, o coração acelerado batendo alto em seu peito, como se o mundo tivesse se reduzido àquele instante. Seus olhos estavam fechados, os cílios roçando levemente sobre a pele enquanto a respiração se tornava mais curta, controlada apenas pela expectativa. Seus lábios se entreabriram com suavidade, prontos para encontrar os de Dave. Havia um calor pulsante dentro dela, um misto de nervosismo e desejo, como se cada segundo de distância entre eles fosse interminável. Dave, por sua vez, manteve os olhos abertos por um momento, admirando a expressão dela tão entregue, tão vulnerável. Um sorriso quase imperceptível curvou seus lábios antes que ele também fechasse os olhos, inclinando-se devagar. O rosto dos dois estava a apenas alguns centímetros de se tocar, o momento perfeito prestes a acontecer, quando Andrea sentiu uma picada aguda e repentina na lateral do pescoço. Foi como se uma agulha tivesse atravessado a pele sem aviso, o ardor espalhou-se rapidamente, queimando por dentro. Seus olhos se abriram num sobressalto, confusos, tentando entender o que tinha acontecido. A primeira coisa que viu foi o rosto de Dave, mas já não era o mesmo homem de segundos atrás. O brilho caloroso nos olhos dele havia desaparecido, substituído por um vazio perturbador, um olhar duro e quase inumano, frio como vidro. Andrea levou instintivamente a mão ao pescoço, onde a dor ainda latejava, e ao tocar, seus dedos encontraram um resíduo úmido. O coração dela disparou num misto de medo e incredulidade. Dave, ainda muito próximo, mantinha a mão firme. Entre seus dedos, brilhava o metal de uma seringa, parcialmente pressionada, com o êmbolo já baixo,  o veneno, ou fosse lá o que fosse, já estava dentro dela.

Andrea:... D.... Dave. 

Ele não respondeu. Apenas permaneceu a fitá-la com aquele olhar distante, sem emoção, como se fosse um estranho. O silêncio que antes parecia romântico agora se tornara opressor, pesado, quase sufocante. Andrea mal teve tempo de reagir. O mundo ao seu redor rodopiou, as cores sumiram e a última coisa que viu foi o olhar vazio de Dave diante dela. Em seguida, tudo ficou preto. Horas se passaram sem que tivesse consciência disso. Seu corpo permaneceu entregue ao sono químico, pesado, profundo. Até que, lentamente, a escuridão deu lugar a um turbilhão de sensações desconfortáveis: primeiro o zumbido nos ouvidos, depois uma dor pulsante na nuca, e por fim a estranheza do frio contra a pele. Ela abriu os olhos com esforço. Por um instante, pensou que ainda estivesse inconsciente, pois nada conseguia ver além da escuridão densa. Mas, conforme seus olhos se acostumaram, percebeu um brilho fraco, como uma lâmpada distante piscando. Estava deitada. A superfície sob seu corpo era dura, gelada, áspera contra os braços e as costas. Ao mover um pouco a cabeça, escutou o som metálico, clang. Uma maca de metal. O ar era úmido, com cheiro de ferrugem, mofo... e algo mais. Um odor metálico, quase ferroso, que fez seu estômago revirar, lembrava sangue seco. Ela tentou-se levantar mas algo prendia seus braços e pernas. O silêncio era sufocante. Apenas o som de sua respiração rápida preenchia o espaço. Então, prestando mais atenção, Andrea notou: não era totalmente silêncio. À distância, o gotejar constante  "ploc... ploc... ploc"  Andrea permaneceu deitada na maca de metal, os músculos ainda pesados e a cabeça latejando. Conforme seus olhos se acostumavam à escuridão, começou a perceber um brilho fraco vindo do seu lado direito. Pequenas luzes piscavam de forma irregular, vermelhas e verdes, como se fossem provenientes de aparelhos eletrônicos desconhecidos. Andrea não podia falar e nem gritar já que tinha uma fita a tapar sua boca. Andrea permaneceu imóvel na maca, os pulsos e tornozelos firmemente presos, a fita na boca abafando qualquer som. De repente, passos ecoaram pelo local, um som metálico que reverberava pelas paredes úmidas e estreitas. Cada passo parecia medido, preciso, como se alguém estivesse se aproximando de propósito, observando-a. Então, uma luz branca e intensa foi ligada. O brilho cortou a escuridão, ofuscando Andrea por alguns segundos e fazendo seus olhos lacrimejarem. Quando conseguiu focar, percebeu onde estava: um esgoto abandonado, com paredes de concreto rachadas e um cheiro forte de umidade e ferro. O espaço era vasto, mas silencioso demais, exceto pelo gotejar constante de água de algum cano quebrado. Ao seu lado, espalhados sobre mesas improvisadas e bancadas enferrujadas, havia diversos materiais de pesquisa: frascos com líquidos estranhos, amostras em potes selados, algumas anotações com fórmulas incompreensíveis e aparelhos eletrônicos piscando com luzes vermelhas e verdes. Era uma espécie de laboratório clandestino, improvisado no meio do abandono, mas assustadoramente organizado. Andrea engoliu em seco, sentindo o medo misturado a uma pontada de confusão, aquele lugar era frio, hostil. Tudo indicava que ela não estava apenas sequestrada, estava dentro de algo meticulosamente planejado, e qualquer movimento em falso poderia ser perigoso. Ela virou a cabeça para os lados, tentando analisar melhor o ambiente sem se esforçar demais, sentindo o peso da imobilidade e o calor súbito do pânico que crescia em seu peito. Cada detalhe do laboratório clandestino parecia gritar que aquilo não era um simples sequestro: havia ciência, planejamento e intenções obscuras por trás de tudo. O som dos passos se aproximava, firme e ritmado, e Andrea percebeu que logo saberia quem ou o que estava atrás dela. Os passos ecoavam pelo esgoto, cada vez mais próximos, fazendo o coração de Andrea disparar. A voz que finalmente se fez ouvir era calma, porém carregada de uma autoridade estranha. 

????: Muito bem.... está na hora de começarmos o trabalho.  

De repente, Andrea percebeu um movimento atrás dela. Seu coração disparou, mas antes que pudesse reagir, uma figura conhecida surgiu das sombras. Era Dave, ou pelo menos alguém que lembrava Dave. Mas algo estava diferente. Ele vestia um jaleco branco de cientista, limpo, impecável, contrastando com o ambiente sujo e abandonado do esgoto. O brilho fraco das luzes eletrônicas refletia no tecido, tornando-o quase espectral. O sorriso caloroso que Andrea conhecia havia desaparecido, substituído por uma expressão fria, calculista, quase clínica. Dave parou alguns passos atrás da maca, observando-a com atenção meticulosa, os olhos focados nela como se analisasse cada reação. Andrea, ainda presa e com a boca coberta pela fita, sentiu um arrepio percorrer a espinha. A familiaridade dele era agora perturbadora, deslocada, transformada em algo estranhamente intimidador. 

Dave: Não te vou mentir.... eu realmente estou excitado. 

Ele se aproximou lentamente, os sapatos fazendo um eco metálico sobre o piso do esgoto. Andrea tentou se mover, mas os grampos e tiras de couro a mantinham imóvel. A sensação de impotência a dominava, enquanto sua mente lutava para processar a transformação dele: o homem que ela conhecia, agora era alguém muito mais distante, científico e aterrador. Dave parou ao lado da maca, olhando-a com um olhar clínico, quase como se estudasse uma amostra, enquanto as luzes piscavam e os sons eletrônicos do laboratório improvisado criavam uma atmosfera ainda mais surreal.  

Dave: Andrea... hoje é um dia muito especial. Podemos dizer que a partir de hoje o trabalho de verdade começa.... eu mal posso esperar. 

Andrea engoliu em seco, o medo misturado à confusão queimando seu peito, enquanto a realidade da situação se tornava impossível de ignorar. Dave não era mais apenas o homem que ela conhecia, agora ele era uma figura de poder e controle absoluto, e ela estava completamente à mercê dele. 

Dave: Eu sei... eu sei  que isto pode ser muito para digerir mas no fim tu até vais me agradecer... ou se calhar não.... bem isso também pouco importa. 

Andrea começa a lacrimejar e o desespero começava a tomar o seu corpo rapidamente, fazendo-a se debater para tentar escapar.  

Dave: Ei... ei... ei... então...? Não fiques assim! Ouve, não adianta. Já não há muito que se possa fazer agora. Olha eu vou te mostrar uma coisa.... 

Dave anda até ficar frente a frente com Andrea e em seguida ele.... puxa parte de sua "pele" e arranca-a, revelando que era apenas uma espécie de máscara. Não existia nenhum Dave pois aquele na sua frente chama-se Mark. Andrea havia visto nas noticias acerca do seu caso e na manhã desse mesmo dia ela havia avistado um jornal que relatava as ações de Mark.  

Mark: Porra..... realmente foi sufocante. Eu estava morrendo de nojo e com vontade de cortar sua garganta todo aquele tempo mas não valia apena.... você faz parte de algo muito mais grandioso e um mero assassinato seria um final horrível para a sua história. Acho que pelo menos nisso nós concordamos não é?  

Andrea estava ainda mais nervosa e agora gritos abafados pela fita eram escutados. Os seus olhos estavam arregalados e mesmo sendo apenas um humano, ela podia sentir uma aura negativa saindo daquele homem. 

Mark: Não.... realmente, você não sabe o quanto eu tive de me controlar para não ter matado você mais cedo. E se você se estiver perguntando se alguma vez houve algum Dave.... não.... nunca houve nenhum Dave. Eu realmente tive que fingir ser alguém que eu não este tempo todo. Você sabe como é...?  Ter que ser alguém que você não é..... fingir ser a porra de um verme.... você sabe como é? Eu acho que não.... mas eu estive fingindo a minha vida toda e apenas muito recentemente eu consegui me libertar. Sabes o que isso significa Andrea?  

Andrea tentava gritar mas toda a sua voz era abafada e não era possível intender o que ela dizia. 

Mark: Claro que não sabes o que significa...... mas já já vais intender. 

Mark afastou-se da maca lentamente, assobiando uma melodia baixa e dissonante que ecoava pelo esgoto como uma canção de ninar distorcida. Andrea, mesmo sem ver claramente para onde ele ia, pôde ouvir o tilintar metálico de instrumentos sendo arrastados e organizados. As luzes dos eletrônicos ao lado dela piscaram mais forte por alguns segundos, revelando formas metálicas sobre uma mesa improvisada. Pinças, bisturis, frascos com líquidos de cores estranhas, seringas cheias de substâncias viscosas que pareciam brilhar em tons esverdeados. Havia também tubos de ensaio alinhados com etiquetas rabiscadas à pressa, e um recipiente cilíndrico de vidro no qual algo se mexia de forma sutil, pulsando como um coração vivo. Ele pegou uma seringa grande, levantando-a contra a luz fraca, batendo no vidro com o dedo até que pequenas bolhas de ar subissem para o topo. O líquido dentro brilhava de forma quase hipnótica. Andrea começou a tremer violentamente, tentando soltar os pulsos, até que os couros das amarras fizeram sua pele começar a queimar. 

Mark: Para ser bem sincero Andrea.... eu ainda estou com uma enorme vontade de te matar. Realmente conseguiste ferir o meu orgulho hahaha.... mas como eu já disse, você pertence a algo maior. Eu vou fazer um esforço e irei me conter pelo bem maior, então tudo o que eu peço é que... não morras. 

Ele depositou a seringa ao lado, pegando em seguida uma espécie de máscara metálica com tubos conectados. Aproximou-se da maca, levantando o objeto diante dos olhos de Andrea como quem mostra um brinquedo novo a uma criança. Andrea contorcia-se, lágrimas rolando pelo rosto, emitindo sons desesperados contra a fita que lhe tapava a boca. Ele então ligou uma máquina próxima, que respondeu com um zumbido profundo, seguido de estalos elétricos e o chiar de válvulas liberando vapor. O cheiro químico e metálico tomou o ar, fazendo Andrea sufocar ainda mais. Com um movimento brusco, Mark prendeu a máscara metálica no rosto dela, apertando as correias. Andrea tentou resistir, mas estava indefesa. Logo, um ar pesado, com um gosto amargo e químico, começou a invadir seus pulmões, fazendo sua visão ficar turva. Enquanto isso, Mark preparava a seringa brilhante, a ponta da agulha cintilando sob a luz fraca, pronto para o próximo passo. Mark segurou firmemente o rosto de Andrea, inclinando-lhe a cabeça para o lado. A agulha penetrou na pele macia do pescoço dela com precisão quase cirúrgica. O líquido viscoso e esverdeado entrou lentamente, espalhando-se em ondas pelo corpo. Andrea estremeceu, seus olhos se arregalaram e um gemido abafado escapou pela mascara. Em questão de segundos, as veias do seu pescoço começaram a escurecer e a se destacar sob a pele, tingindo-se de um verde profundo que se espalhava pelo peito, braços e até mesmo pelo rosto. Era como se algo vivo estivesse correndo dentro dela, redesenhando seu corpo de dentro para fora. Mark deu alguns passos para trás, observando com uma mistura de fascínio e satisfação doentia. Seus olhos brilhavam diante do espetáculo. Andrea começou a se debater com mais força, seu corpo tremendo violentamente contra as amarras da maca. O suor escorria pela sua testa, misturado às lágrimas. Seu olhar implorava por ajuda, mas Mark apenas inclinou a cabeça, como um artista admirando a tela onde sua tinta finalmente se espalhava. Ele retirou duas novas seringas de um estojo metálico. Os líquidos em seu interior eram de um branco leitoso, opacos, quase brilhando sob a fraca luz dos aparelhos. Aproximando-se de Andrea, ele segurou-lhe firmemente o braço esquerdo e, sem hesitar, perfurou a pele. O líquido espalhou-se rapidamente pela corrente sanguínea, e ela sentiu um frio intenso percorrer todo o membro. Antes mesmo de conseguir reagir, Mark já havia espetado a segunda seringa no braço direito. Em poucos segundos, Andrea deixou de se debater. O corpo, antes em convulsões de desespero, agora relaxava contra a maca. Seus músculos tornaram-se pesados, incontroláveis, e um torpor dominou seus sentidos. Seus olhos, porém, permaneciam bem abertos, cheios de terror, acompanhando cada movimento dele. Ele então se virou, caminhando até uma pequena mesa de aço repleta de instrumentos cirúrgicos. Os metais reluziam sob a luz bruxuleante, exibindo bisturis, pinças e lâminas esterilizadas. Mark passou os dedos sobre cada um, como se estivesse escolhendo o pincel perfeito para iniciar a sua "arte". Por fim, apanhou um bisturi. Segurou-o com delicadeza, como quem segura um objeto sagrado, e voltou-se para Andrea. Seus lábios se curvaram num sorriso lento, sinistro. Mark deslizou a máscara operacional pelo rosto, ajustando-a com calma quase cerimonial. O tecido branco cobria-lhe o nariz e a boca, tornando sua expressão ainda mais impessoal, quase desumana. Apenas os olhos frios e atentos permaneciam visíveis, brilhando com a excitação contida. Ele voltou-se para Andrea, que respirava rápido, mas sem conseguir mover um único músculo. O olhar dela gritava, implorava, mas estava presa naquele corpo que não respondia mais. Mark aproximou-se da maca, segurando o braço direito dela com firmeza, imobilizando-o ainda mais. Com a outra mão, ergueu o bisturi. A lâmina fina e impecavelmente afiada refletiu a luz dos aparelhos, um brilho gélido que contrastava com a pele vulnerável de Andrea. Lentamente, quase saboreando o momento, Mark encostou o metal no antebraço dela. A lâmina pousou sobre a pele como se fosse um pincel tocando a tela. Andrea sentiu um frio cortante percorrer o braço, mesmo antes da pressão aumentar. Seus olhos encheram-se de lágrimas, escorrendo pelas laterais do rosto, a respiração ofegante abafada pela fita. Ele pressionou levemente, apenas o suficiente para que a ponta da lâmina começasse a rasgar a epiderme, desenhando um traço fino e vermelho sobre o braço dela. Mark trabalhou com precisão cirúrgica, cada movimento calculado. Com o bisturi, abriu cuidadosamente o antebraço direito de Andrea, criando uma fenda limpa na pele. Em seguida, retirou da mesa de metal pequenos aparatos e hastes minuciosas, encaixando-as dentro do corte. Cada peça parecia ter sido feita sob medida, como um mecanismo vivo para manter a pele separada, impedindo que o ferimento se fechasse sozinho. O brilho metálico refletia nas veias verdes sob a pele, criando um efeito quase surreal, como se o braço dela tivesse se tornado parte de uma máquina. Andrea, completamente paralisada pelos efeitos das injeções, apenas sentia o frio e a pressão dos metais sendo fixados, sem conseguir reagir, enquanto seu coração batia acelerado em pânico silencioso. Sem perder tempo, Mark repetiu o processo no antebraço esquerdo. Cortou com a mesma precisão, ajustou os aparelhos, posicionou as hastes e pequenas engrenagens, garantindo que ambos os braços ficassem permanentemente "abertos" de forma controlada. Cada clique metálico soava alto no silêncio sombrio do esgoto, um ritmo perturbador que apenas aumentava o terror de Andrea.  Mark retirou uma seringa nova da bandeja, maior e mais imponente que as anteriores, cheia de um líquido negro como breu que parecia quase absorver a luz fraca do esgoto. Com movimentos calculados, ele posicionou a agulha sobre uma das veias expostas do antebraço direito de Andrea, entrando com precisão cirúrgica. O líquido negro começou a se infiltrar pelas veias abertas, subindo lentamente pelo braço. Andrea sentiu um formigamento intenso, como se cada fibra de seu corpo estivesse sendo invadida por algo estranho e vivo. O verde intenso das veias começou a escurecer ainda mais, tornando-se quase um negro azulado pulsante, visível sob a pele aberta. Mark manteve os olhos fixos na reação dela, fascinado. Sem perder tempo, ele repetiu o procedimento em várias veias expostas do braço direito, e depois se moveu para o esquerdo, injetando o líquido negro nos pontos estratégicos das fendas mantidas pelos mecanismos. Cada injeção parecia carregar uma energia própria, provocando tremores involuntários nos braços de Andrea, embora ela permanecesse incapaz de controlar os movimentos. O líquido negro corria pelas veias como tinta viva, espalhando-se lentamente pelo tecido exposto, criando um efeito grotesco e hipnotizante. Andrea sentiu uma onda de calor misturada com frio intenso percorrer seu corpo, enquanto seus braços agora eram não apenas uma extensão de sua carne, mas uma obra manipulável, pronta para o próximo passo do experimento de Mark. Seu coração disparou, e a respiração tornou-se curta e irregular. A visão começou a escurecer nas bordas, até que, com um último esforço para resistir, ela fechou os olhos com força. O mundo ao seu redor desapareceu gradualmente, substituído por uma escuridão total. A pressão do medo, da dor e da manipulação química finalmente venceu sua consciência, e Andrea desmaiou, deixando o corpo relaxar completamente sobre a maca. Os braços, ainda mantidos abertos pelos mecanismos e com o líquido negro circulando pelas veias, repousavam imóveis ao lado dela, como se já fizessem parte de algum experimento vivo. Após horas que se transformaram em dias, talvez até semanas, o tempo parecia ter perdido todo o seu sentido para Andrea. Cada instante arrastava-se lentamente, marcado apenas pelo zumbido constante dos aparelhos eletrônicos e o gotejar ritmado de água das canalizações do esgoto. Ela não sabia mais quantas noites e dias haviam passado; tudo se fundia em uma sequência interminável de escuridão, dor e confusão. Seu corpo, preso e manipulado por Mark, havia se transformado em algo que não reconhecia, e a mente lutava para permanecer consciente enquanto o mundo ao redor se tornava cada vez mais estranho e surreal. Cada "semana" parecia durar uma eternidade, e Andrea sentia que havia vivido meses dentro de um único momento, como se estivesse presa num tempo próprio, ditado apenas pelos experimentos e pela presença silenciosa de Mark. E então, após esse período indefinido, lentamente, como se emergisse de um sono profundo e infinito, Andrea começou a abrir os olhos. O mundo voltou a se materializar diante dela, mas algo dentro de si já não estava intacto, o corpo, a percepção e o medo haviam sido alterados para sempre. Andrea já não podia mais se considerar humana; a essência de sua identidade havia sido dilacerada. Semanas de manipulação por Mark haviam remodelado cada célula de seu corpo, cada músculo, cada articulação, transformando-a em algo que transcendia o humano. Seu cérebro fora reprogramado, os instintos de sobrevivência e predadores sobrepondo-se à racionalidade, moldando uma mente selvagem, primitiva, pronta para obedecer aos impulsos mais básicos. Ela não estava mais deitada em uma maca de metal; agora ocupava uma cela de contenção de vidro blindado, fria e isolada, mas grande o suficiente para que seu novo corpo se movesse com precisão e agilidade. Lentamente, JF-62 começou a abrir os olhos, olhos multifacetados e instintivos, que refletiam uma percepção aguçada, sensível a cada detalhe da sala. Cada abertura era acompanhada por espasmos involuntários, enquanto sua consciência humana se confundia com o instinto recém-instalado. Uma nova criatura nascia, silenciosa, mas intensamente viva. O corpo de Andrea, agora o corpo de JF-62, erguia-se com uma elegância estranha e perturbadora, membros longos e finos se dobravam com fluidez, o exoesqueleto reluzia sob a luz fraca, e antenas delicadas se moviam, captando cada mínima vibração do ambiente. Sua postura era animal, ao mesmo tempo graciosa e ameaçadora, enquanto testava o equilíbrio e o alcance de cada segmento de seu corpo transformado. Mark, sentado à frente da cela, observava com uma mistura de fascínio científico e satisfação sádica. Ao perceber que ela havia recobrado consciência, levantou-se lentamente, seus passos ecoando pelo chão úmido do esgoto. Aproximou-se do vidro blindado, estendendo a palma da mão contra a superfície fria, mantendo o olhar fixo em JF-62. O gesto era quase paternal, mas carregava uma aura de controle absoluto. A criatura inclinou a cabeça, estudando-o. Seus olhos refletiam curiosidade e instinto, e mesmo com o corpo radicalmente alterado, havia resquícios de reconhecimento, de memória humana, misturados a medo e confusão. As antenas tremiam levemente, captando cada som do ambiente, cada movimento de Mark, enquanto a respiração rápida e ritmada aumentava a tensão. A criatura, agora de pé, observava cada gesto do homem que a transformara. Cada músculo de seu novo corpo se ajustava, aprendendo o próprio peso, testando a força e agilidade que Mark havia lhe concedido. Ela era bela e horrível ao mesmo tempo, uma fusão de humano e predador, um ser vivo nascido do terror e da manipulação, prestes a descobrir o alcance do seu poder. 

Mark:..... 

JF-62 moveu-se com uma velocidade sobrenatural, cada músculo recém-transformado impulsionando-a em direção a Mark como um predador prestes a atacar. Suas garras se estenderam, os olhos multifacetados fixos nele, e a respiração ecoava como um sussurro ameaçador. Mas, ao colidir com o vidro blindado da cela, o impacto reverberou pelo corpo da criatura, fazendo-a recuar apenas alguns centímetros, os instintos primitivos rugindo de frustração. Mark permaneceu do outro lado, imóvel, seus olhos frios e brilhantes observando cada movimento. Nem um piscar, nem um recuo; apenas o fascínio de um criador admirando a perfeição de sua obra. O vidro tremia com a força do ataque, mas não cedeu. Mark ergueu uma sobrancelha, um sorriso quase imperceptível surgindo no canto da boca. A criatura rosnou, frustrada, as antenas vibrando em sinal de alerta e raiva. Seus movimentos eram rápidos, precisos, explorando qualquer ponto fraco do vidro, mas Mark apenas continuava a observá-la, como se cada gesto dela fosse parte de um espetáculo cuidadosamente orquestrado. O contraste entre o instinto predatório dela e o controle absoluto dele intensificava a tensão no ar, tornando o espaço entre os dois quase palpável, carregado de perigo e curiosidade mórbida. JF-62 investiu contra o vidro mais uma vez, desta vez com movimentos selvagens e impetuosos. Suas garras afiadas riscaram a superfície blindada, deixando marcas superficiais que brilham levemente sob a luz do laboratório improvisado. Tentou também morder, os dentes cravando-se com força no vidro frio, mas cada ataque era inútil. O impacto reverberava por seu corpo, enviando tremores de frustração por cada articulação, e os instintos predatórios rugiam dentro dela, alimentando a fúria. Mark, do outro lado, continuava imóvel, os olhos fixos na criatura, quase encantado com cada gesto de desespero e raiva. Ele passou a mão lentamente pelo vidro, quase provocando JF-62, que se contorceu e rosnou em resposta. Mark recostou-se lentamente em sua cadeira, os movimentos precisos e calculados, como se cada gesto fosse parte de uma coreografia mental. Seus olhos desviaram-se momentaneamente da cela de JF-62, onde a criatura continuava inquieta, rosnando e arranhando o vidro sem sucesso. Com um movimento deliberado, ele estendeu a mão até a mesa ao seu lado e pegou uma fotografia cuidadosamente colocada sobre a superfície metálica. Sem pressa, Mark apoiou os pés na mesa, cruzando-os com naturalidade, enquanto segurava a foto entre os dedos. O brilho das luzes eletrônicas refletia levemente sobre o papel, destacando o rosto sério e firme de Jordan Buckley, chefe da polícia. Mark analisava cada detalhe do rosto, os olhos, a expressão, como se estivesse planejando mentalmente cada passo de algo muito maior. Um sorriso quase imperceptível surgiu em seus lábios, carregado de um humor sombrio e calculista. Enquanto ele estudava a fotografia, a presença de JF-62 atrás do vidro parecia se tornar um segundo plano, quase irrelevante para ele naquele momento. Cada respiração da criatura, cada gesto selvagem, apenas confirmava a eficácia de seu trabalho: a transformação estava completa, e o predador agora não podia escapar, mas isso não diminuía o prazer perverso de Mark ao arquitetar seu próximo movimento.

Notas: JF-62 não passa de mais uma vitima de doctor Mark. Andrea uma mulher de 25 anos foi sequestrada por Mark e teve o seu corpo modificado pelo mesmo. Vários tipos de experimentos foram realizados na jovem durante semanas, até ela deixar de ser um ser humano e passar a ser um grande Louva-a-deus. JF-62 foi encontrada pela fundação dentro da mesma sela de contenção e esgoto onde nasceu, contudo doctor Mark já havia abandonado o local. Durou meses até a fundação encontrar o esgoto e quando o encontrou levamos JF-62 para dentro de uma das instalações e a mesma foi realocada para uma cela de contenção mais apropriada. Vários exames foram realizados na criatura, revelando que a estrutura interna da criatura havia sido completamente alterada, apenas o cérebro se manteve o de um humano, contudo reprogramado para que Andrea tivesse suas capacidades neuronais semelhantes com a de um animal selvagem. Contudo traços de memórias passadas andem permanecem. Num dos testes um pesquisador mostrou uma foto do rosto do irmão mais novo de JF-62 e durante meia hora a criatura permaneceu imóvel apenas observando a fotografia de seu irmão. Noutro teste várias tecidos com cores variadas foram colocados dentro da cela de contenção da criatura e por sua vez JF-62 reuniu todos os tecidos de cor roxa e vermelho em seguida com uma sob estância pegajosa e viscosa ,que a mesma expeliu de sua patas, ela colou os tecidos de forma a criar um vestido. JF-62 tem a capacidade de retrair e expor os seus dentes de forma consciente, podendo ter todos os dentes de sua boca a mostra ou nenhum. A criatura também tem a habilidade de expelir uma sob estancia viscosa e pegajosa ( muito parecida á cola ) através de aberturas nas pontas de suas patas. A fundação apelidou essa sob estancia de " N-G " ( Natural Gum ). Ao secar o N-G enrijece e torna-se 10x mais resistente resistente que cola convencional. JF-62 também tem a capacidade de " vomitar " uma sob estancia acida capaz de corroer até mesmo o metal. Por ter sido criado em laboratório existem várias deformidades no corpo de JF-62, por exemplo: falta de duas " pernas " no lado esquerdo da criatura e tamanhos divergentes entre alguns membros.  JF-62 passa 90% do seu dia escondida dentro da sela de contenção, apenas á espera que alguma criatura viva apareça para que ela possa atacar, contudo a entrada na sela de contenção de JF-62 é estritamente proibido.

Relatório: 

  • Altura total: 3 m (em postura ereta).

  • Massa corporal: 93 kg.

  • Composição corporal:

    • Exoesqueleto irregular, parcialmente translúcido em algumas áreas.

    • Ausência de duas pernas no lado esquerdo, resultando em deslocamento assimétrico.

    • Divergência no tamanho e proporção dos membros restantes.

    • Estruturas maxilares móveis com dentes retráteis: a criatura pode expor ou ocultar completamente a arcada dentária à vontade.

  • Anomalias fisiológicas:

    • Vasos sanguíneos apresentam pigmentação esverdeada devido a alterações químicas no plasma.

    • Presença de glândulas artificiais adaptadas em membros e sistema digestivo.

Capacidades Especiais

  1. Secreção Viscosa – N-G (Natural Gum):

    • Expelida pelas extremidades das patas dianteiras.

    • Textura semelhante à cola industrial, altamente pegajosa.

    • Após 20 segundos em contato com o ar, endurece e torna-se aproximadamente 10x mais resistente que cola convencional.

    • Usada pela criatura para prender objetos, colar superfícies e, em pelo menos um teste, montar estruturas rudimentares.

  2. Secreção Ácida:

    • Expelida através da boca em forma de regurgitação ("vômito ácido").

    • Capaz de corroer rapidamente metais, incluindo aço reforçado.

    • Taxa de corrosão estimada: 2 mm de metal por minuto de exposição contínua.

  3. Força e agressividade predatória:

    • Instinto de caça amplamente desenvolvido.

    • Passa a maior parte do tempo imóvel, aguardando presas potenciais.

    • Ataques extremamente rápidos e focados em áreas vitais.

Observações Comportamentais

Apesar do estado selvagem, traços da memória humana de Andrea persistem:

  • Teste fotográfico: quando exposta à imagem do irmão mais novo, a criatura permaneceu estática por aproximadamente 30 minutos, sem exibir agressividade. Os olhos multifacetados fixaram-se na fotografia, sugerindo reconhecimento emocional parcial.

  • Teste com tecidos coloridos: diante de diversos pedaços de tecido, JF-62 selecionou exclusivamente os de cor roxa e vermelha. Em seguida, utilizou N-G para colar os fragmentos e moldar algo semelhante a um vestido. Esse comportamento indica resquícios de hábitos humanos, memória afetiva ou associações emocionais com a vida prévia.

  • Comportamento predatório: fora desses momentos isolados, JF-62 demonstra apenas instinto de caça e hostilidade a qualquer ser vivo em proximidade. 

Estado Mental

Há evidências de que o cérebro de Andrea não foi apenas reprogramado para padrões animais, mas particionado. Dois níveis parecem coexistir:

  1. Consciência Predatória: estado dominante, selvagem e instintivo, responsável pela caça e hostilidade.

  2. Consciência Residual Humana: fragmentada, presa, ocasionalmente emergindo em momentos de estímulo emocional.

Isso sugere que Andrea, de alguma forma, ainda está presente dentro da criatura, mas incapaz de retomar controle. A situação representa um risco ético e psicológico: cada ataque de JF-62 pode ser interpretado não apenas como instinto, mas também como uma forma de expressão de dor e desespero.

Riscos Ocultos

  • Memórias Persistentes: Se estimuladas de forma incorreta, podem levar a comportamentos imprevisíveis, como autolesão ou ataques direcionados a alvos específicos (ex.: pessoas fisicamente semelhantes a familiares).

  • Possível Comunicação: Durante uma sessão noturna, câmeras registraram JF-62 arranhando repetidamente símbolos no chão da cela com secreção ácida. Aparentemente, tentou formar letras. O padrão foi destruído antes de conclusão, mas fragmentos lembravam "A-N-D".

  • Efeito nos Pesquisadores: Relatos de equipe exposta a longas observações da criatura descrevem sentimentos de culpa, angústia e pesadelos recorrentes. Alguns relatam "ouvir" a criatura sussurrando em sonhos, chamando por ajuda.

Conclusão

JF-62 não deve ser considerada apenas uma criatura, mas também uma vítima. Andrea foi transformada numa arma biológica instável, reflexo direto da crueldade e genialidade perversa de Doctor Mark.

A análise confirma que a criatura possui memória residual, mas o cérebro humano foi remodelado ao ponto de funcionar como o de um predador. Essa dualidade — fragmentos de humanidade aprisionados dentro de um corpo monstruoso — torna JF-62 um dos casos mais perturbadores de mutação induzida já registrados pela Fundação.

Nota Final: A entrada em contato físico com JF-62 é terminantemente proibida. Qualquer interação deve ser feita através de protocolos remotos, sob risco de corrosão, mutilação ou morte imediata.

Contenção: 

Estrutura da Cela de Contenção

  • Dimensões: 40m x 40m, altura de 15m.

  • Ambiente Interno: Área projetada para simular um ecossistema natural semi-florestal, visando reduzir o estresse da criatura e estimular comportamentos instintivos controláveis.

    • Árvores artificiais de grande porte, com troncos reforçados em metal e cobertos por material vegetal sintético para escalada.

    • Gramado artificial com sistema de irrigação para manter umidade natural.

    • Lago artificial (10m de diâmetro, 1,5m de profundidade) para simulação de habitat e estímulo comportamental.

    • Rochas artificiais distribuídas pelo espaço para esconderijo.

  • Iluminação: Ciclo de luz controlado (12h dia / 12h noite) com variação gradual para imitar amanhecer e entardecer.

  • Climatização: Temperatura mantida entre 21°C e 27°C, com 70% de umidade relativa.

Alimentação

  • Método: Exclusivamente por presas vivas, para atender ao comportamento predatório natural da criatura.

  • Fornecimento:

    • Duas vezes por semana, através de um compartimento automático conectado à cela.

    • Espécies utilizadas: galinhas, coelhos e, em intervalos semanais, porcos de pequeno porte.

  • Justificativa: A alimentação viva reduz a agressividade descontrolada, mantendo JF-62 ocupada e satisfeita, além de fornecer estímulo físico.

Protocolos de Segurança

  1. Monitoramento Constante:

    • 12 câmeras internas com visão noturna e sensores térmicos.

    • Microfones para análise de sons incomuns.

  2. Acesso:

    • O acesso humano só é permitido após confirmação total do desmaio da criatura, monitorado via sensores cardíacos e neurológicos.
    • Caso a presença de pesquisadores seja necessária, deve ser ativado previamente um sistema de dispersão de gás sedativo com propriedades de induzir inconsciência em JF-62.

    • Entrada na cela é estritamente proibida, salvo em situações de emergência, manutenção ou transferência.

  3. Quebra de Contenção:

    • Em caso de fuga, unidades armadas devem seguir protocolo padrão de neutralização. 

    • Em caso de fuga, equipes de contenção devem acionar imediatamente o Sistema Portátil de Dispersão de Gás S-13, composto por cápsulas manuais que liberam o mesmo agente sedativo usado na cela, capaz de induzir inconsciência em JF-62 em até 90 segundos.

    • Redes de contenção reforçadas com polímero flexível (resistência superior a aço convencional) devem ser usadas para restringir movimentos após a queda da criatura.

    • Caso o sedativo não seja efetivo, dispositivos de choque eletromagnético direcionado (lançadores de dardos elétricos de alta voltagem) podem ser empregados para incapacitação temporária.

    • Neutralização letal só deve ser autorizada em último caso, mediante falha completa dos métodos de recaptura e risco imediato de fatalidade entre o pessoal da Fundação.

    • Armas convencionais (calibres 9mm e superiores) são efetivas contra JF-62.