Capítulo 1: Os Três Magos e o Tradutor

04-08-2023

Acordo como em qualquer outro dia.
Estou em cima da minha cama, que, na verdade, é só um monte de palha rígida.
Mesmo acordado, fico deitado por mais algum tempo, por 3 minutos, para ser mais preciso.
Só me levantei, pois o espaço onde me encontrava começou a tremer.
Sabendo que coisa boa não estava a acontecer, levanto-me e, em pé, espreguiço-me, erguendo as mãos no ar.
Eu estava completamente descalço.
Tenho 1 metro e 70 centímetros de altura, sou um homem branco, possuo olhos castanhos, o meu rosto tem algumas sardas, especialmente perto do nariz e, à direita do meu queixo, tenho a marca de um corte.
Estava quase nu, com apenas uns pequenos calções a cobrirem-me as partes inferiores do corpo.
Eram calções de fato treino, de cor preta.
Sempre fui pessoa de dormir com pijama, mas estes tempos em que nos encontramos, obrigam-nos a mudar os nossos hábitos e, é por isso, que agora durmo só de calções.
O resto do meu corpo estava suado, de tanto calor que fazia naquela noite de verão que havia passado.
No centro do meu peito, tinha uma marca.
Era a marca que me prendia a um grupo.
Da mesma forma que uma coleira prendia o cão ao dono.
Desde que aquele símbolo, que aqueles três riscos verticais vermelhos estivessem no meu corpo, não poderia escapar.
Depois de me espreguiçar, chego um dos braços à testa.
Tiro o braço e vejo que está todo molhado, confirmando assim que o calor intenso daquele verão me fez suar potes.
"Este verão infernal nunca acaba."
Digo eu a mim mesmo, falando num tom de voz baixo.
De seguida, dirijo-me à porta do meu pequeno quarto, se é que se pode chamar de quarto.
Afinal, aquele "quarto" era só uma divisão com 4 paredes, onde está incluída a porta, e um chão, todos feitos de madeira e uma pequena "cama" de palha.
Não se pode realmente chamar de quarto, mas, nos tempos que correm, o pouco é tudo.
Em outras palavras, temos de nos satisfazer com o que temos, especialmente em momentos difíceis como estes.
Então, abro a porta e vou para o outro lado.
Ao abrir a porta, vejo o sol da manhã, que estava escaldante como sempre.
Tão quente, que até coloco a mão à frente da minha cara, de modo a proteger os meus olhos dos fortes raios ultravioletas libertados pelo sol.
Uma voz chega aos meus ouvidos.
"Andrew!"
Alguém estava a chamar-me.
Eu reconheço a voz.
Começo a andar para a frente, vendo pouco, devido aos raios de sol, mesmo estando a tapar a cara com a mão.
Nesse momento, enquanto ando, essa pessoa que me chamou, segura a minha mão, que estava a tapar a minha cara, e puxa-me com força.
Ao puxar-me, a minha cara fica desprotegida e os raios do sol começam a chegar aos meus olhos.
Então, para não contrair algum tipo de cegueira, fecho os olhos, enquanto estou a ser puxado pela mão, com muita força.
Eu sou puxado, quase arrastado, mas não consigo ver nada, pois estou de olhos fechados.
Sou puxado pela mão por uns 10 segundos.
Após esses 10 segundos, a pessoa que me puxava para e larga-me.
Abro os olhos e, finalmente, vejo o que me rodeia, pela primeira vez no dia.
Olho para a pessoa à minha frente.
"Regarde!" (Olha!)
Grita a pessoa que me puxou.
Era um homem negro de 1 metro e 87 centímetros, com 60 kg, cabelo preto curto, com olhos azúis, alguma barba na cara e vestia uma camisola azul, rasgada em certas partes, e uns calções pretos, parecidos aos de Andrew.
Ele, após gritar, aponta, com o dedo indicador para a frente.
Vejo o que tenho à frente.
É nada mais nada menos que um navio de madeira enorme, repleto de pessoas.
Olho ao meu redor.
Vejo que me encontro num convés de um navio, como normal.
Não, não num navio qualquer, no navio dos meus donos.
Olho para o mar cristalino e, ao mesmo tempo poluído com pedaços de plástico, que transparecem, de vez em quando, um cheiro a lixo no ar.
O navio estava ao lado do nosso, com pelo menos uns 20 metros de distância entre o deles e o onde me encontrava.
O convés e o navio inteiro, no geral, era feito de madeira, que estava a começar a deteriorar-se, algo que se podia ver no chão do meu "quarto", que ficava num pequeno camarote, no mesmo andar do covés, mesmo por baixo do camarote dos meus três donos, isto é, dos capitães.
Para chegar ao cimo da popa, o lugar onde se encontrava o remo, havia uma escadaria, de madeira. 
A popa estava dois andares acima do convés, sendo que, esses dois andares eramo meu "quarto" e o dos capitães.
Estando no convés, que tinha uns canhões, ainda não carregados, fico estressado, pensando no que fazer para tentar sobreviver do possível ataque.
Já estava a suar do calor, mas aquele estresse também me faria suar, mais cedo ou mais tarde.
No entanto, nem tive tempo para ficar estressado, uma pessoa passa ao meu lado, tocando no meu ombro, com o seu próprio corpo, no caminho, como se não me tivesse visto.
O toque vem seguido de uma fala
"Tu es arrivé juste à temps, Andrew." (Chegaste mesmo a tempo, Andrew.)
Ele também falou em francês.
Para ser sincero, não entendi o que ele falou, pois não falo francês, mas presumo que seja algo do género: "tu chegaste no tempo, Andrew", ou algo assim, não tenho a certeza.
Só sei que não gosto dele, mas não posso dizer algo do género ou demosntrar os meus sentimentos à sua frente, pois sei que, se tal acontecesse, estaria morto.
A pessoa que tocou no meu ombro, chega-se à minha frente, pondo-se ao lado do outro indivíduo.
Quem me tinha tocado era um homem branco de 1 metro e 90 centímetros, com 60 kg, careca, de olhos verdes, que apenas vestia umas calças de fato de treino vermelhas e, deste modo, todos podiam ver o seu corpo musculado.
"Salut."
Diz o homem negro para o que me tocou, enquanto que acenava com a mão.
"Salut."
Diz o homem que me tocou, de volta.
Estando à minha frente e, ao lado do outro indivíduo, dá-me ordens.
"Va parler au capitane de ce navire." (Vai falar com o capitão deste navio.)
Eu aceno a cabeça de uma forma desmotivada, mostrando que não estou interessado em fazer nada, mas, no entanto, aceito as ordens.
"Oui, Ging." (Sim, Ging.)
Eu falei, usando, provavelmente a única palavra da língua francesa que sei.
Como não sei francês, continuei sem entender o que os meus superiores me dizem, mas presumo que seja para falar com o capitão do navio desconhecido.
Eu movo-me, passando entre Ging, quem me deu a ordem, e Ferdinand, o indivíduo de pele escura, ficando à frente de ambos.
Eu olho para o navio e vejo que ele está repleto de homens, todos com ar de quem está pronto para lutar.
Todos os homens vestiam pouca roupa ou roupa de verão e eu não os culpo por tal, já que estava mesmo calor.
Mas havia algo em todos aqueles tripulantes.
Todos eles tinham uma marca de uma caveira com uma espada cravada no crânio nos seus braços.
Eles, tal como eu, serviam alguém e a espécie de tatuagem que tinham nos seus braços era um símbolo de escravidão.
Então, colocando a mão na garganta, preparo-me para falar.
Estando pronto, eu tiro a mão da garganta e grito, em inglês, para os homens do navio.
"Hey! Can I talk with your captain?" (Hey! Posso falar com o vosso capitão?)
Nenhum deles me diz algo.
Falo de novo, gritando, desta vez, mexendo os braços no ar, de modo a eles me avistarem.
"Do you understand me?" (Vocês comprendem-me?)
Nenhum deles falam.
Atrás de mim, Ging começa a reclamar de mim para o colega.
"Qui a échoué! Il parle même anglais, Ferdinand?" (Que falhado! Ele fala mesmo inglês, Ferdinand?)
Ferdinand, que estava ao lado de Ging, responde, defendendo-me.
"Eh bien, les autres fois, il a réussi à nous sortir de situations embarrassantes dans la conversation. Il est notre traducteur, alors ayez confiance en lui." (Bem, nas outras vezes, ele conseguiu tirar-nos de situações difíceis na conversa. Ele é o nosso tradutor, por isso tem fé nele.)
Eu ouço-os, memo eles estando a falar muito baixo.
Lá está, não sabia o que eles diziam, mas pensava que estavam a falar mal de mim, algo que era parcialmente verdadeiro, então, irritado, viro-me para trás e digo-lhes em português.
"Não é por só saber falar português e inglês, que não saiba que estão a falar mal de mim."
Eles olham para mim confusos.
Não perceberam o que disse, tal como pensei.
Eu viro-me de novo para o navio, murmurando para mim mesmo.
"Chefes idiotas."
Nesse momento, ao meu lado, aparece o meu outro chefe, o último que faltava aparecer.
"Alors, Andrew, leur as-tu parlé?" (Então,  Andrew, já falaste com eles?)
Era um homem branco loiro, com 1 metro e 72 centímetros, 57 kg, olhos castanhos, vestindo umas calças pretas e um fato de treino, também preto, e, no seu braço, tinha uma tatuagem com o mesmo símbolo que tenho no peito.
Eu fico assustado, com medo que ele tivesse compreendido o que murmurei há alguns segundos.
Estava com tanto medo que nem prestei atenção ao que ele disse.
Não o podia deixar sem resposta, então, viro-me para o meu lado esquerdo e improviso algo para lhe dizer.
"Oh, capita...quer dizer, captain Hugo!"
Digo eu, estando nervoso.
Ele olha para mim, estando muito sério e sem compreender o meu nervosismo, sempre olhando para o navio.
Eu continuo a minha resposta.
"I was going to tratar, sabes, parler, com eles."
Digo eu, muito nervoso, apontando para o navio.
Ele não pareceu entender o que eu disse, mas, mesmo assim falou, concluindo a conversa.
"Rappelez-vous, nous ne vous avons pris que parce que vous parlez anglais. Alors, fait ton travaille." (Lembra-te, só te levámos porque falas inglês. Então,  faz o teu trabalho.)
Mesmo não entendo francês, soube que ele estava a pedir-me para fazer o meu trabalho.
Então, viro-me para o navio e Hugo afasta-se de mim, aproximando-se de Ferdinand e Ging.
Agora mais sério, volto a falar para os homens, gritando.
"I am Andrew Armas, from Portugal, and I am a member of the 'Trois Chaînes' group." (Eu sou Andrew Armas de Portugal, e sou um membro do grupo "Trois Chaînes".)
Digo eu, com a mão no símbolo que tenho no meu peito.
Após falar, muitos dos homens, alguns dos quais armados com facas e armas de fogo, ficam confusos com o nome do grupo.
"'Trois Chaînes'?"
Pergunta um.
"What kind of name is that?" (Que tipo de nome é esse?)
Um burburinho começa no navio, todos se perguntando o significado do nome do meu grupo.
Vendo aquela confusão, respondo, gritando.
"Listen! 'Trois Chaînes' is a french name, ok? The persons behind me, my leaders, they are french." (Ouçam! 'Trois Chaînes' é um nome francês, ok? As pessoas atrás de mim, os meus líderes, eles são franceses.)
Digo eu, apontando para as três pessoas atrás de mim.
Continuo a minha resposta, deixando de apontar para os meus líderes.
"I don't speak french, so I don't know what the name means. Now, introductions aside, can I talk with your captain?" (Eu não falo francês, então não sei o significado do nome. Agora, introduções à parte, posso falar com o vosso capitão?)
Nesse momento, no meio daqueles homens que discutiam entre si para verem se chamariam o capitão ou não, uma voz se destaca.
"Ok, man." (Ok, meu.)
No meio de todos aqueles homens que se encontravam no convés, uma pessoa chega-se à frente e destaca-se.
Eu olho para a pessoa que se chegou à frente.
Era um homem branco, com um comprido cabelo castanho, 57 kg, 1 metro e 60 centímetros de altura, vestindo um curto casaco preto de couro e umas calças pretas de cabedal.
A pessoa parecia o guitarista de uma banda rock dos anos 90.
Eu pergunto, gritando.
"Who are you?" (Quem és tu?)
O homem, ouvindo a minha pergunta, baixa a cabeça, ficando a olhar para o chão de madeira do navio e diz.
"Who am I? Well, I am the next rock star. Mark todays date, 9th of september 2022, because, this will be the day you meet the worlds next big thing." (Quem sou eu? Bem, eu sou a próxima estrela de rock. Fixa bem a data de hoje, 9 de setembro de 2022, pois é o dia em que conhecerás a próxima grande coisa deste planeta.)
Eu e dois dos meus líderes tentamos não rir da atuação que aquele indivíduo estava fazer.
Eu, Ging e Ferdinand damos tudo de nós para não rir, pois sabíamos que o nosso riso poderia causar uma luta indesejada.
Até quem não sabia inglês, como era o caso de Ging e Ferdinand, podia ver o espetáculo que aquele homem fazia por nada.
Estávamos a dar tudo de nós para não nos rirmos daquele indivíduo, que ainda estava a olhar para o chão.
Já Hugo, estava sério como sempre, sendo o capitão do nosso grupo.
A luta contra o riso durou uns bons 27 segundos.
Até os homens do navio se aperceberam que achávamos aquela pessoa um palhaço ambulante e não pareciam felizes com a nossa reação.
Ging, que estava atrás de mim, sendo o sem vergonha que é, começa a rir-se.
"Hahaha!"
Todo aquele esforço para nada.
Todos os homens do navios sacam as armas e preparam-se para lutar.
Até o indivíduo levanta a cabeça e olha para Ging.
"Why are you laughing?" (Porque é que te estás a rir?)
Pergunta o estranho, estando visivelmente irritado.
Eu paro de me achar piada à situação, mal vejo que aqueles tripulantes estavam prontos para lutar.
Penso que aconteceu o mesmo com Ferdinand.
Ging ri-se e ri-se sem parar, na verdade, ele ria-se tanto que tinha os braços à volta da barriga.
Vendo que o riso de Ging continuava, Hugo dá um soco na cabeça de Ging.
Como consequência, Ging fica espalmado no chão.
Não vou mentir, aquele soco foi bastante satisfatório.
"Ei! Pourquoi as-tu fait cela?" (Ei! Porque é que fizeste isso?)
Pergunta Ging, visivelmente irritado e com o corpo no chão.
"Considérez cela comme une punition pour ce que vous avez fait." (Considera isto como punição pelo que fizeste.)
Mesmo assim, Ging permanece irtitado, não querendo admitir os seus erros.
"Tch!"
Faz Ging, desabafando.
O homem do outro navio grita, muito irritado, com o braço direito no ar e dedo indicador a apontar para o céu.
"Listen to me! I am the captain of this ship, captain Iza Ingram. One of the squad captains of the 'Dishonor' group." (Ouçam-me! Eu sou o capitão deste navio, capitão Iza Ingram. Um dos capitães de esquadrão do grupo "Dishonor".)
Eu, Ging e Ferdinand surpreendemo-nos com a revelação, mas Hugo não.
É como se ele já soubesse
 "'Dishonor'?"
Murmura Ging, mostrando confusão.
Ferdinand ouve Ging e explica.
"L'un des plus grands groupes non seulement sur cette planète, mais dans notre univers. Ils sont un problème sérieux." (Um dos maiores grupos, não só neste planeta, como também do nosso universo. São um problema sério.)
Ging fica assustado, após perceber quem estávamos a encarar.
Iza continua a falar, agora baixando o braço e apontando para nós.
"I cannot let you, people who disrespected me escape. Thats why I will have to end you." (Eu não posso deixar-vos, pessoas que me desrespeitaram, escaparem. É por isso que eu vou ter que acabar convosco.)
E, nesse momento, Hugo chega-se à minha frente e diz, sem medo algum.
"Son groupe est fort et il pourrait y avoir des problèmes si nous le battons, mais si nous gagnons le combat, nous deviendrons l'un des groupes les plus redoutés. Alors, que dis-tu?" (O grupo dele é forte e pode haver problemas se o vencermos, mas, se ganharmos a luta, vamos tornar-nos num dos grupos mais temidos. Então, o que me dizem?)
Ging levanta-se e, em pé, responde, mostrando entusiasmo.
"C'est bon pour moi." (Para mim, tudo bem.)
Ferdinand, hesitantemente, responde.
"Ok, mais ne tue personne." (Ok, mas não matem ninguém.)
Hugo acena a cabeça e diz.
"Andrew, reste ici." (Andrew, fica aqui.)
Mas, os homens do outro navio, embora não percebessem o yeor da conversa, sabiam que estávamos quase prontos para atacar e, como tal, decidem atacar primeiro.
Então, mal Hugo acaba de falar, um canhão é disparado e, rapidamente, atinge o nosso navio numa zona por baixo do convés.
O nosso navio começa a tremer e pedaços de madeira caem à água.
Eu quase caio com as tremidas do navi, já os meus chefes, não demonstram dificuldade em mantarem-se equilibrados.
No fim, todos estávamos bem.
Os meus chefes viram este ataque como o começo de um combate.
Então, após ver o ataque, Ging e Ferdinand apaproximase de Hugo, colocando-se à minha frente.
Iza, vendo que os chefes estavam prontos para lutar, ainda apontando o dedo para nós, grita, avisando os soldados para se prepararem.
"Brace yourselfs, its time to rock n'roll!"(Preparem-se, é hora de rock n'roll.)